Prédios históricos da Rua da Mouraria foram adquiridos por estrangeiros

Rui Marote
O Funchal Noticias sabe que dois edifícios emblemáticos da Rua da Mouraria, cujos proprietários eram madeirenses, passaram entretanto para as mãos de estrangeiros.

O Palacete da Rua da Mouraria situados nas portas nº34, 36, 38 e 40 adquirido em 1998 pela firma Aires & Filhos, passou a ser uma Galeria de Arte e Antiguidades. Mas este Palacete tem uma história. As primeiras referências à existência de casas nobres nesta área datam do século XVIII e nos princípios do século seguinte, vivia aqui o comerciante britânico Wiliam Grant, tomando posse do mesmo em 1841 outro comerciante inglês, Wiliam Al Stuart. Este palacete é uma interessante residência senhorial urbana da primeira metade do século XIX.

Integrando edificações anteriores, apresenta uma fachada posterior para o jardim, com torre de “ver-o-mar” e articula-se com um corpo onde existiam as antigas cavalariças.

No interior subsistem ainda alguns tectos de estuque de interesse, assim como no antigo jardim, entretanto adaptado a exposições de escultura, subsiste um fontenário de parede de embrechados de tufo vulcânico, dentro do espirito das antigas quintas madeirenses. O conjunto passou depois por vários proprietários e várias funções, tendo sido sede da Cruz Vermelha Portuguesa e do Instituto Nacional do Trabalho e do Departamento de Sanidade.

Entre 1932-1933 funcionou a sede da Cruz Vermelha  no Funchal, sendo então presidente o Dr. Alexandre Cunha Teles.

Nos anos 1934 -1960 funcionou aqui a primeira sede da Delegação no Funchal do INTP-Instituto Nacional do Trabalho e Previdência, sendo o seu primeiro presidente o Dr. Ernesto Gonçalves.

Também funcionou o Tribunal do Trabalho até finais do século XX.

Em Julho de 1947 funcionou aqui primeira sede provisória da FNAT-Fundação Nacional para Alegria no Trabalho (actual Fundação INATEL), tendo como presidente o Dr. António Alberto Monteiro.

Nos dias de hoje, o Funchal Noticias  sabe que passou para as mãos de um cidadão polaco com investimentos na área do turismo no concelho da Calheta. O destino do palacete será a habitação do proprietário.

Já no lado esquerdo, nª19, um cidadão luso canadiano adquiriu dois andares, onde funcionaram uma tipografia e mais tarde escritórios de dois advogados. Estas parcelas já estão recuperadas e é moradia do dito canadiano.

A Rua da Mouraria mantém a traça de 1560, sendo uma das artérias centrais do Funchal. Liga a Rua da Carreira ao Largo de São Pedro. O Museu de História Natural e o Aquário estão localizados neste arruamento.
O nome da rua não tem origem numa “mouraria”, isto é, um bairro de mouros, mas em João Rodrigues Cabral, de alcunha o Moradia. Moradia vivia na esquina da Calçada das Freiras (Calçada de Santa Clara) com a rua denominada com o seu próprio nome e aqui morreu em 1556. De Rua João Rodrigues Cabral “Moradia”, que ali habitava, passou a Rua do “Moradia”, já assim designada em 1570. Em 1737, era referida como Rua da Moradia. Por corrupção, surge, nos finais da década de quarenta do século XIX, a designação de Rua da Mouraria.

Em 1917, esta via urbana foi redenominada de Rua do Dr. Sequeira em memória de Maurício Augusto de Sequeira (1845-1911), médico e professor da Escola Médico-Cirúrgica do Funchal. Contudo, nos finais da década de trinta do século XX, retomou a antiga designação.