Escórcio sobre Virgílio Pereira: “Os homens bons não morrem”

André Escórcio disputou com Virgílio Pereira uma das eleições mais renhidas no Funchal na década de 90. Hoje escreve sobre a sua partida:

“Faleceu o Professor Virgílio Pereira. Por ele tinha consideração e estima. O facto de, politicamente, nos encontrarmos em distintos espaços de intervenção política, tal nunca impediu um relacionamento de enorme cordialidade. Desde 1993, ano em que disputámos a presidência da Câmara do Funchal, numas eleições de empenhamento total, findo esse acto, nada restou de antipatia entre nós. Nem à mesa das reuniões, muitas vezes tensas, tampouco quando nos cruzávamos na rua, no supermercado, enfim, fosse onde fosse. Não tínhamos a mesma visão para a cidade, é certo, mas a tolerância e o respeito falaram sempre mais alto.

Não esqueço, passados uns meses após o acto eleitoral, no decurso de um significativo mal-estar político que o opunha ao ex-presidente do governo da Região, o facto de me ter chamado ao gabinete da presidência, enquanto líder da oposição, para anunciar que ia apresentar a sua demissão. Falámos muito sobre essa decisão, narrou-me factos que bem poderia ter ignorado, deu-me um abraço, agradeceu a colaboração dada ao Funchal e, pela tarde, comunicou a sua decisão. Poucos teriam assumido a sua atitude, de frontalidade para com o poder e de respeito para com a oposição política.

Os Homens bons não morrem!”