Miguel Iglésias classificou compra da SDM como a “negociata da década”

O líder parlamentar do PS Madeira veio hoje questionar a compra da Sociedade de Desenvolvimento da Madeira (SDM), operador que explora o Centro Internacional de Negócios da Madeira, por parte do Governo Regional. Miguel Iglésias considerou que este negócio é “inqualificável”, referindo que “esta concessão que foi prorrogada por ajuste directo até 2027 foi um excelente negócio para a empresa privada e foi um péssimo negócio para todos os contribuintes madeirenses”.

Miguel Iglésias, em declarações à comunicação social, numa conferência de imprensa realizada esta manhã na Assembleia Legislativa da Madeira, salientou ser “é inaceitável a compra do capital do operador privado, por uma quantia que ainda ninguém sabe, que, naturalmente, será na ordem de milhões de euros de um negócio que é inqualificável para o erário público regional”, considerando mesmo que é a “negociata da década”.

Lembrou que houve “um processo aberto pela Comissão Europeia relativamente a este procedimento anti-concorrencial, portanto, não houve qualquer concurso público para a exploração e concessão do Centro Internacional de Negócios e agora, face à situação em que vivemos, o Governo Regional considera que ainda tem de indemnizar este operador privado por uma decisão única e exclusivamente sua”.

“É preciso que as pessoas tenham noção que, anualmente, a SDM que explora o Centro Internacional de Negócios, só de receitas dos ‘fees’ das empresas, estamos a falar de um valor superior a 11 milhões de euros anuais”, destacou.

Miguel Iglésias adiantou ainda que “o Grupo Parlamentar do PS Madeira já entregou um requerimento para que seja aberto uma comissão de inquérito parlamentar relativamente a toda esta situação”, vincando que “não podemos aceitar que num momento de crise em que nós vivemos tenhamos de indemnizar em dezenas de milhões de euros um operador privado que, efetivamente, foi beneficiado pelo Governo Regional. Houve um favorecimento, não há outra palavra para descrever este negócio”, lembrou inclusive as notícias públicas que dão conta de uma possível investigação do foro criminal por parte da Procuradoria Geral da República.

 “Neste momento de crise, em que as famílias perdem rendimentos, em que as empresas passam dificuldade, o Governo acha perfeitamente normal e de forma absolutamente rápida indemnizar uma empresa privada num negócio em que ele próprio foi o autor principal de um favorecimento”, concluiu.