D. Nuno Brás entende que a Igreja “deve fazer política”, se bem que não partidária

O bispo do Funchal, D. Nuno Brás, considera que “a Igreja deve fazer política”, no livro apresentado ontem pelo presidente do parlamento madeirense, José Manuel Rodrigues.

“Simplicidade com profundidade” é assim que o presidente da Assembleia Legislativa da Madeira define o livro que fala sobre Dom Nuno Brás e o seu olhar sobre a igreja e sobre a sociedade.

«Conversas Simples: Entrevista a Dom Nuno Brás», de Francisco Gomes, baseada num conjunto de diálogos entre o autor e o bispo do Funchal, foi ontem apresentado por José Manuel Rodrigues, no auditório do Museu Casa da Luz.

Na leitura do presidente do parlamento, este documento revela um bispo que compreendeu bem a comunidade madeirense e o “nosso sistema autonómico e como ele era importante para a nossa vida”. Quando fala de política e cristianismo, D. Nuno Brás diz que “a política é a forma mais alta de caridade quando ela é feita de forma nobre e com grande entrega aos outros”. O Bispo do Funchal, salienta José Manuel Rodrigues, considera que a igreja deve fazer política, “não política partidária, mas política no sentido de influenciar os decisores políticos a tomarem as melhores decisões a favor dos cidadãos”.

D. Nuno Brás aborda ainda questões como o abordo e a castidade.

“O bispo tem por missão proclamar a doutrina de sempre”, mas admitiu que a maneira como vive, como olha a vida da igreja e da sociedade madeirense “pode ser que ajude alguém a interrogar-se”. “E esse é o grande desafio do cristianismo”, concluiu D. Nuno Brás.

Francisco Gomes, o autor do livro, retrata Dom Nuno Brás como “um bispo muito atento à sua igreja”. “Uma igreja apenas focada numa organização ou numa ordem, distancia as pessoas”, salienta o autor, citando as palavras do prelado.

O prefácio foi escrito por D. Manuel Clemente, cardeal patriarca de Lisboa.