A minha preferida era a Busquets. Ainda hoje não sei como se pronuncia.
As mochilas, que combinavam com os estojos, os lápis e os cadernos. Tudo coordenado. Combinado para a minha felicidade. Condenado o saldo bancário dos meus pais.
Pelo caminho, de mão dada com a minha mãe, geria a expetativa. Como seriam as coleções desse ano?
O cheiro de uma papelaria ainda hoje faz-me feliz. Naquela altura era inebriante.
E a lista de materiais. Acho que foi aí que me apaixonei por listas. A sistematização da coisa. Tudo controlado. A ser descarregada aos poucos, enquanto que os escolhidos se iam amontoando no balcão.
Os olhos brilhavam com a habitual caixa de Caran d’Ache. Sempre fui péssima a Educação Visual. Não por falta de bom material. Só falta de jeito.
As borrachas, as cartolinas, as tesouras. As réguas, o compasso e o apara-lápis. Tudo novo.
E os cadernos. Em branco. Como tudo estava em branco, por fazer. Puro. Páginas em branco nesse capítulo tão feliz que foi a minha infância. Despreocupada.
O primeiro dia de escola. As borboletas na barriga. Mostrar os trabalhos das férias, rever os amigos que não via há meses. Descobrir a sala nova.
Tanto para aprender. Croma até ao tutano.
Este ano as nossas crianças levam na mochila os seus medos. E os nossos. Não vão despreocupadas.
Levam nos cadernos recomendações não escritas. Advertências para o distanciamento. Apelos para a cautela. Os cadernos não vão em branco.
Levam gel desinfetante nas lancheiras. E levam máscaras na cara.
Como escreverão elas este capítulo da infância?