Pacientes “suspeitos” que vão ao Hospital ou a centros de saúde aconselhados a “voltar 14 dias mais tarde”

Vai uma grande trapalhada por causa do coronavírus na Saúde regional. Aparentemente, há muita confusão e ninguém sabe a quantas anda. Há situações caricatas. O Funchal Notícias sabe que as pessoas que estão a aguardar consulta nas salas de espera no Hospital ou Centros de Saúde estão a ser inquiridas pelos funcionários sobre se viajaram e estiveram em áreas de risco infeccioso. Se a resposta for sim, são aconselhadas a voltar dentro de quinze dias.

Isto aconteceu ainda hoje, por exemplo, a uma professora que tinha duas consultas, de diferentes especialidades, curiosamente agendadas para o mesmo dia no Hospital Dr. Nélio Mendonça. A dita docente teve a sinceridade de responder que, numa das suas turmas, tinha um aluno que regressara recentemente de Itália. Na escola, os colegas, assustados, guardam do rapaz uma distância “prudente”. Resultado: perante a resposta, a professora foi aconselhada por um médico a voltar dentro de 15 dias. As consultas ficaram para outra altura. Ninguém lhe passou nenhum atestado para não comparecer às aulas, o que significa que continuará na escola, a leccionar. O aluno vindo de Itália, coitado, terá de enfrentar os olhares desconfiados dos colegas, dado que também ninguém o controlou à chegada nem mandou para casa. Pergunta-se que sentido faz tudo isto.

A Madeira continua a receber alunos Erasmus. Ainda recentemente a Universidade da Madeira anunciou que receberia por estes dias mais uma série de alunos provindos de países europeus, entre eles cinco da Itália. Questiona-se se algum deles será controlado ou colocado em quarentena?

Entretanto, e depois da polémica que envolveu um grupo de alunos de uma escola secundária no Funchal, regressados de Itália, e que a direcção do estabelecimento de ensino aconselhou a permanecer em casa durante 15 dias (não antes de terem regressado tranquilamente ao estabelecimento de ensino e ao convívio com os colegas), o secretário regional da Educação, Jorge Carvalho, veio dar uma recomendação. E ontem disse que a Secretaria que tutela aconselhava alunos regressados de zonas de risco a ficarem em casa “uns quatro dias”, sem regressarem de imediato ao ambiente escolar.

Pergunta-se, mais uma vez, que sentido faz isto, se o período de incubação do COVID-19 é de 14 dias.

O próprio jornalista autor deste artigo deslocou-se hoje a uma consulta num centro de saúde. A primeira pergunta que o funcionário lhe fez foi se tinha realizado ultimamente viagens, se a zonas de risco do coronavírus, e se tinha estado em contacto com alguém que pudesse ser portador do mesmo. Foi possível aperceber-se de nervosismo e preocupação entre os profissionais de saúde, que vaticinam que a situação vai “piorar”.

Ora, entre a histeria e os cuidados necessários, pergunta-se afinal qual é a estratégia das autoridades regionais? E que sentido faz aconselhar pacientes a regressarem à unidade de saúde onde tinham consultas marcadas só daqui a quinze dias, quando os mesmos, incluindo professores, prosseguem a sua actividade normal de contacto com imensas pessoas? Qual o sentido disto? Quando não há controlo nenhum nos aeroportos?

Hoje o famoso futebolista Cristiano Ronaldo regressa à Madeira vindo de Itália, por causa de sua mãe, que sofreu um AVC. Visitá-la-á certamente no hospital. Será sujeito a medidas de controlo de saúde?

Ficam as interrogações no ar, sobre qual a estratégia. Ou se implementa um protocolo de controlo verdadeiramente draconiano, como na China ou na Coreia, ou não se implementa controlo nenhum. Estas ocorrências avulsas pseudo-controladoras é que não aparentam seguir nenhum sentido.