Diáspora esteve em debate num evento na Ribeira Brava

Organizada pela ADNM Associação Diáspora no mundo, decorreu nos espaços da Biblioteca Municipal da Ribeira Brava a conferência “Diáspora Madeirense: contributos dos que regressam à Região Autónoma da Madeira”, na qual participaram vários oradores. Nomedamente, Correia de Jesus, advogado e ex-secretário de Estado das Comunidades Portuguesas; Helena Pestana, especialista em Administração Escolar e formação de adultos e presidente da Associação Presença Feminina; e Carlos Fernandes, advogado e deputado da Assembleia Legislativa Regional.

“As comunidades madeirenses estão caracterizadas pela sua dimensão planetária, sua dispersão no mundo e pela diversidade existente, não há duas comunidades iguais. É um tema complexo e vasto. Temos que trabalhar em dois instrumentos de política importantes entre as comunidades: a informação e a cobertura e cooperação consular”, salientou Correia de Jesus.

Defendeu, por outro lado, que “tem que haver maior abertura de espírito dos que aqui residem e maior sensibilidade política por parte dos dirigentes, que tem uma grande responsabilidade ante os compatriotas que regressam. O regresso não pode ser uma segunda emigração, tem que ser devidamente preparado pelos responsáveis políticos do país, para que os nossos compatriotas não se defrontem com problemas idênticos a aqueles que se enfrentaram quando chegaram ao país de acolhimento”.

Filha de madeirenses e nascida na Guiné-Bissau, Helena Pestana salientou, por seu turno, a importância do associativismo e das instituições estabelecidas no apoio dos conterrâneos que regressam a região. Cidadãos de países como África do Sul, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Panamá, Reino Unido, República Dominicana, Uruguai e Venezuela aparecem nos registos das pessoas apoiadas pela Associação, muitos deles vitimas de violência doméstica, psicológica, jurídica e social. “Conseguimos juntar muitos povos numa só casa, a luta pela integração é um dos nossos objectivos, faz parte do nosso trabalho”, referiu.

Já Carlos Fernandes, deputado da Assembleia Legislativa Regional e representante do Núcleo de Emigrantes, afirmou que até agora regressaram mais de dez mil pessoas vindas da Venezuela, e outros 1500 da África do Sul.

“Uma alta percentagem de pessoas estão a chegar com um grau académico importante e mão de obra qualificada, e devemos encontrar soluções para a sua reintegração, já que desenvolvem a área onde se encontram e mantêm os postos de trabalho. Desde o ano 2016, mais de 1400 crianças e jovens foram aceites nas escolas, diante de uma população envelhecida, é uma mais valia para a região”, destacou Fernandes.

Esta iniciativa, que contou com múltiplas entidades, serviu também para apresentar oficialmente a ADNM Associação Diáspora no mundo, que foi estabelecida no mês de Dezembro de 2018 com o objectivo de “promover e estimular iniciativas informativas, recreativas, culturais, sociais, académicas e humanitárias junto aos portugueses e as comunidades onde se encontra a diáspora, ressaltando os laços de amizade que existem, a cooperação e a solidariedade entre os seus associados (…), estabelecer intercâmbios e convénios de cooperação com associações congéneres estrangeiras, regionais e nacionais (…) e organizar espectáculos públicos” que criem uma ligação mais forte entre os diversos actores da nossa sociedade.