Há que preparar o nosso envelhecimento cultural

Como sabemos “a cultura é um sistema complicado e integrado que compreende conhecimentos, crenças, habilidades, arte, moral, leis, costumes e outros hábitos adquiridos por um grupo de pessoas (Pickles et al, 1998).” Assim, temos que preparar, cautelosamente, ao longo da vida o nosso envelhecimento cultural, para vivermos os dias de uma forma mais ativa e participante.

Mais do que nunca, cada um deve questionar-se: Estarei a contribuir para um melhor envelhecimento cultural, ao não aceitar o novo mundo digital? Pois, quer queiramos ou não, a comunicação online, o ciberespaço, veio mesmo para ficar. A inovação tecnológica está a mudar o mundo, o nosso modo de viver e por sua vez a cultura contemporânea. A tecnologia digital está a introduzir aspetos novos na cultura e nas relações sociais, alterando profundamente os nossos ritmos de vida.

Digamos que, de certa forma, envelhecer culturalmente feliz é aceitar sem contrariar a nossa própria identidade. Com o envelhecimento natural, há que trabalhar diversos aspetos (fisiológicos, psicológicos, emocionais) para melhorar a qualidade de vida, de cada um, independentemente da cultura em que viva.

Hoje, felizmente, vão surgindo novos serviços e valências de apoio à comunidade sénior. Refiro-me, por exemplo, aos centros comunitários, lares, centros de dia, que são locais importantes no apoio a um entender e viver melhor o envelhecimento cultural, por parte dos nossos idosos e da comunidade. É de realçar que no passado dia 4 de fevereiro aconteceu a abertura do Centro de Dia do Estreito de Câmara de Lobos, que será certamente, um espaço polivalente que contribuirá para um melhor envelhecimento cultural, como sinónimo de qualidade de vida da nossa comunidade.

A sociedade do século XXI tem mesmo que valorizar os idosos como indivíduos com potencialidades culturais únicas para um melhor entendimento do mundo e não os ver como um fardo, como muitas vezes acontece. Infelizmente, em muitos casos, este abandono, acontece em primeiro plano, por parte de elementos do próprio seio familiar.

É um facto que a população idosa, neste século XXI, tem vindo a aumentar e isso significa, também, que há uma maior esperança de vida. Daí, a importância da cultura dentro do contexto da pessoa idosa, pois esta área tem um papel fundamental, para um envelhecimento ativo e saudável. Assim, à medida que a idade avança temos que construir a nossa velhice cultural. Pois a dimensão cultural é antes de tudo uma construção individual, independentemente da idade que se tenha.

Por vezes passa-se a ideia que à medida que envelhecemos vamos ficando mais lentos, mais fracos, rabugentos, resmungões, mas isso é um processo natural de cada um – e nem todos são iguais. Agora, uma coisa é certa, todos são influenciados, direta ou indiretamente, pelo próprio desenvolvimento cultural da sociedade.

A terceira idade é uma das fases do cidadão que requer uma atenção redobrada, em termos físicos, emocionais e psicológicos. Claro que à medida que os anos passam, o nosso corpo vai dando-nos sinais do natural envelhecimento, mas aí, temos que ter também a noção das nossas forças e fraquezas, das crenças, dos valores, gestos e modos de entender o mundo. Não tenhamos dúvidas que contribuir para um bom envelhecimento cultural é compreender cada vez melhor o mundo que nos rodeia.