Médica Filomena Gonçalves pede desvinculação do CDS Madeira e “abala” coligação regional

Coligação governamental PSD/CDS enfrenta um primeiro grande problema, na Saúde, com a desvinculação da médica Filomena Gonçalves de militante centrista e a sua indisponibilidade de se manter na corrida à direção clínica do SESARAM.

A médica Filomena Gonçalves, militante do CDS Madeira e que fazia parte do acordo da coligação governamental regional para assumir o cargo de diretora clínica no SESARAM, pediu ontem a desvinculação do partido em consequência do impasse verificado nesse processo e das circunstâncias que resultaram numa “sondagem” interna levada a efeito pela presidente do conselho de administração do Serviço de Saúde, a social democrata Rafaela Fernandes, que colocou em cima da mesa, numa reunião com diretores de serviço, alterações estatutárias e o nome de Filomena Gonçalves, resultando daí um alargado chumbo por parte daqueles responsáveis pelos serviços, indicados durante o anterior governo apenas do PSD.

Filomena Gonçalves terá manifestado descontentamento junto do líder do CDS Madeira, Rui Barreto, em função daquilo que considerou ser um “enxovalho público”, como o Funchal Notícias deu conta numa peça publicada ontem, sendo que essa reação da médica, face à morosidade e à forma como a nomeação estava a ser conduzida, levou Rui Barreto a sentir necessidade de reagir publicamente a uma notícia do DN (a de que os diretores “chumbaram” Filomena Gonçalves) escolhendo o JM para o fazer, dizendo a este jornal que estava “agastado” com situação na saúde, funcionando como um “alerta à navegação”, ou seja ao PSD.

Esta posição, acompanhada por um post do seu chefe de gabinete, precisamente reagindo à notícia dada ao JM, acabaram por traduzir algum incómodo no partido mas também no parceiro de coligação, o PSD, sendo que o líder social democrata Miguel Albuquerque, numa ato público em funções governativas e ao lado de Rui Barreto, garantiu que os compromissos com o CDS eram para cumprir, também nessa matéria de nomeação da diretora clínica indicada pelos centristas.

O Funchal Notícias já dava conta da intenção de Filomena Gonçalves de não estar disponível para este “folhetim”, até porque como avançaram fontes próximas daquela profissional, “não tem necessidade de se sujeitar a esta exposição, em função do estatuto e da situação profissional em que se encontra”. E de facto, ontem à tarde, Filomena Gonçalves deslocou-se à sede do CDS, onde formalizou o pedido de desvinculação. E as mesmas fontes dizem mesmo que, neste momento, a médica não acredita nos atuais responsáveis, imputando aos mesmos a responsabilidade por esta falta se senso e de tacto na condução do processo de nomeação e de não terem feito o que deveriam para que a situação fosse rápida e com a devida correspondência ao que estava acordado no seio da coligação.

De referir, ainda, que o CDS atravessa um período de alguma tensão interna, não só por este caso, que por si só abalou a coligação e a liderança de Rui Barreto, mas também pelo afastamento do médico Mário Pereira do Parlamento e ainda com a forma como o partido, na Região, está a acompanhar a campanha para a liderança nacional, não avançando para um apoio oficial a qualquer um dos candidatos, mas expressando, com atitudes, uma preferência por João Almeida.

Muitos dos militantes pensam seguir o caminho de Filomena Gonçalves, já não estavam muito confortáveis com a coligação e estão cada vez mais convictos de que este acordo poderá não resultar na medida do desejável por parte de Rui Barreto, um líder que ontem, no referido ato público no Caniçal, disse que não tinha de estar sempre de acordo com o líder do PSD para se sentir confortável na coligação, procurando com isso apaziguar o ambiente que se criou com a sua declaração sobre a Saúde.