BE mostra-se preocupado com os números do turismo na Madeira

O Bloco de Esquerda mostrou-se hoje preocupado com os números do turismo na Madeira. “A quebra no número de visitantes, o anúncio de nova unidades hoteleiras e de alojamento local, vão pressionar por um lado os salários para baixo e por outro os preços da habitação para cima, tornando a vida mais difícil para os madeirenses”, refere uma nota do Bloco.

A quebra da taxa de ocupação nos hotéis da Região conjugada com o aumento da oferta hoteleira como tem sido anunciado é preocupante, pois pode afectar a reputação de qualidade do destino Madeira, refere o dirigente Paulino Ascensão. A reputação foi construída ao longo de décadas, mas pode ser prejudicada rapidamente e de forma não reversível. O crescimento da oferta de alojamentos hoteleiros deve ser avaliado com cuidado, preconiza.

O crescimento do número de unidades de alojamento, a exemplo de outras regiões do País contribui para o aumento dos preços no imobiliário, torna o acesso à habitação mais caro. A subida do preços do imobiliário significa uma transferência de riqueza dos não proprietários para os proprietários de imóveis, diz Ascensão.

“Por outro lado o aumento da oferta turística sem o crescimento do numero de turistas, pressiona os preços para baixo e a principal componente dos custos na hotelaria são os salários, estes tenderão a descer. Com a habitação mais cara e os salários mais baixos a vida fica mais difícil. As decisões de licenciamento devem ser bem ponderadas em função destes efeitos para a maioria das pessoas”.

Por outro lado, o BE contesta a apropriação do espaço público para uso privativo, neste caso, para proteger o sossego dos hóspedes do novo hotel na baa de Câmara de Lobos. Algo que já aconteceu na praça do Mar (ou praça CR7) cujo acesso à noite é vedado para satisfazer os interesses do mesmo grupo hoteleiro. O Governo Regional e as autarquias mostram-se mais preocupadas com a satisfação de interesses particulares dos grandes empresários regionais e não o bem geral dos madeirenses, considera o Bloco.

“A Madeira é para todos e não só para alguns”, conclui Paulino Ascensão.