Unidade de Medicina Nuclear do Hospital Dr. Nélio Mendonça quase parada e doentes são enviados para o privado, denuncia investigação da TVI

Rafael Macedo é o diretor da Unidade de Medicina Nuclear.
Miguel Ferreira diz que “estamos a beneficiar o negócio privado da Saúde”.

A Unidade de Medicina Nuclear do Hospital Dr. Nélio Mendonça, paga em 85% por fundos europeus, está a funcionar em cerca de 15, 20%. Os doentes que necessitam de exames são encaminhados para uma empresa privada, a antiga Quadrante, hoje grupo Joaquim Chaves Saúde. A situação foi hoje denunciada numa reportagem de investigação da TVI, que já está a provocar inúmeras reações nas redes sociais, atendendo ao suporte de declarações prestadas pelos depoimentos do próprio diretor do serviço, Rafael Macedo, e do antigo presidente do SESARAM, também ex- diretor clínico, Miguel Ferreira.

Rafael Macedo diz mesmo que o serviço, inaugurado em 2013, licenciado em 2015 e com os primeiros exames em 2017, está apto a fazer entre 2500 e 2800 exames por ano, mas faz apenas 600. Está licenciado para 63 exames e só faz dois. “Só utilizamos um climador, só uma peça de cinco”. O médico diz que o Hospital não compra os fármacos necessários e vai mais longe quando diz que pensa haver, “uma intenção de sustentar os privados com dinheiro público”.

Miguel Ferreira garante que “temos técnicos e temos as condições para prestar os serviços internamente”, mas a reportagem da TVI foi saber quanto custam dois exames na Joaquim Chaves Saúde. Uma cintigrafia cardíaca custa 549,40 euros e um MIBG custa 611,18 euros. Rafael Macedo diz que o custo, no Hospital, seria de 8 euros.

“Estamos a beneficiar o negócio privado da Saúde, ganham as empresas e os médicos. Se alguém sai prejudicado são os utentes”, diz Miguel Ferreira, que exerce no privado.

Pedro Ramos, o secretário regional da Saúde, diz que “é uma falsa questão, não há equipamentos parados”. Pouco depois, na mesma reportagem, refere que “se houver algum equipamento que não esteja a ser utilizado, é sinal que não estão criadas as condições para esses equipamentos serem utilizados. Os exames que são feitos no Hospital são aqueles que o Hospital acha que podem ser feitos com segurança”. Diz que os pacientes que são encaminhados para a Quadrantes, hoje Joaquim Chaves Saúde, é uma situação que vem de 2009.

Esta mesma reportagem da TVI denuncia, ainda, que a Quadrantes, durante seis anos, chegou a fazer milhares de exames sem estar devidamente licenciada pela Direção Geral de Saúde. A licença foi aprovada em março de 2015.