Dia complicado no Aeroporto da Madeira, com muitos passageiros na gare e muitos voos divergidos ou cancelados

Fotos: Rui Marote

Ontem já tinha sido um dia complicado no Aeroporto da Madeira, e hoje a situação certamente não melhorou. O Funchal Notícias esteve no local para tomar o pulso à situação, e deparou-se com inúmeros passageiros a encherem a gare aeroportuária das partidas, aguardando a possibilidade de embarcar rumo aos seus respectivos destinos.

Com maior ou menos grau de enfado, impaciência ou pura filosofia, os viajantes pejavam o Aeroporto agora denominado em honra do “maior jogador do mundo” enchendo todas as cadeiras fixas disponíveis, sentando-se em inúmeras cadeiras colocadas nos mais curiosos e inopinados lugares, quer frente a locais de “check-in” quer nas imediações do balcão de assistência da Groundforce… aparentemente para ajudar os passageiros mais idosos ou cansados.

O ambiente geral não era propriamente exasperado: o FN teve a possibilidade de conversar com várias pessoas e a maior parte aceitava que os atrasos se deviam a condições meteorológicas, nomeadamente a ventos cruzados e a rajadas imprevisíveis, e preferia colocar a segurança antes da pressa.

Logo ao chegar,  deparámos com um quadro informativo que, desde as oito horas da manhã, dava conta de mais de uma dezena de voos desviados ou cancelados, impossibilitados de aterrar e, portanto, de embarcar passageiros. No entanto, e embora o vento de rajada se fosse sucedendo ao longo da tarde, situação bem apercebível da varanda de observação para a pista do Aeroporto, assistimos a várias aterragens de companhias estrangeiras e da Easyjet, acompanhadas de gritos e manifestações de alegria dos passageiros que aguardavam na gare a oportunidade de seguirem os seus destinos.

Cada aterragem bem sucedida, era uma descolagem que se anunciava. E foi assim que o moral, pouco a pouco, foi subindo.

No entanto, não deixámos de ouvir vozes críticas de alguns passageiros, relativamente ao atendimento e ao facto de não chegarem aviões da TAP.

“O atendimento está péssimo”, queixava-se Cecília Florença, actualmente residente na França. Já cá estou desde as seis da manhã, vou para Paris e não sei a que horas conseguirei sair de cá. Estou mesmo cansada, saturada de cá estar, e não tenho ideia que quando poderei regressar. Vim cá numa visita à ilha e não tenho qualquer informação conclusiva sobre quando poderei ir, se hoje, se amanhã… A única coisa que nos sabem dizer é que não sabem”.

Para esta viajante, a invocação de razões e limites de segurança não colhem. A pista do Aeroporto, diz, é hoje muito maior do que antes. “As coisas, quando têm de acontecer, acontecem. Agora temos cá um muito bom aeroporto, penso que não é devido a uns simples ventos cruzados que não viajamos… Acho que não é por aí”.

Por outro lado, a jovem Vanda também não se mostrava satisfeita. Ontem já tinha passado o dia no Aeroporto, desde as 4 às 11 horas. “Hoje estou aqui desde as duas”, referia, por volta das 16h45 de hoje. “Tive que voltar para o Funchal e regressar hoje”.

Esta viajante considerou que ontem, “a informação foi escassa”. Hoje, considerou os passageiros já estavam a ser servidos por mais informação relativamente às possibilidades de voo por parte dos responsáveis aeroportuários e das companhias. Mas Vanda não fazia ainda ideia de quando conseguiria embarcar no avião rumo a Birmingham, um destino ao qual se deslocaria no âmbito de umas férias.

Os turistas e viajantes “encalhados” no Aeroporto Cristiano Ronaldo iam preenchendo o tempo como podiam. Uns liam, em autênticos livros, em e-readers ou no tablet, outros jogavam jogos no telemóvel, consultavam a Internet ou enviavam mensagens.

Destaque, entretanto, para a presença de numerosos representantes do Governo de Sua Majestade Britânica, deslocados à Madeira para ajudar a encaminhar os passageiros seus compatriotas, na sequência das complicações colocadas pela falência da companhia “Monarch”, que já ontem foi notícia neste mesmo jornal online. Aparentemente, os cidadãos daquele país beneficiam de muito melhor acompanhamento do que os portugueses que, em situações problemáticas no estrangeiro, muitas vezes são deixados à sua sorte pela República Portuguesa…

Da varanda superior do Aeroporto, onde pudemos assistir a algumas aterragens bastante “balançadas”, aproveitando as janelas de oportunidade que iam surgindo, e com grandes travagens a levantar nuvens de fumo na pista, também era possível, contemplando o lado do mar, ver passar sobre as ondas o navio “Lobo Marinho”, aparentemente numa viagem extra, destinada, quiçá, a suprir dificuldades de passageiros dos voos desviados para o Porto Santo.

Voos da TAP é que não vimos aterrar. A companhia aérea de bandeira coloca, como é sabido, o argumento da segurança acima de tudo, mas essa é uma explicação que não colhe junto de muitos passageiros.

Os estrangeiros, no entanto, mostravam-se mais filosóficos que os de nacionalidade portuguesa: “Estes atrasos são coisas que podem acontecer em qualquer aeroporto do mundo”, disse-nos um casal estrangeiro sentado no chão, que não quis revelar nem o seu nome nem a sua nacionalidade.