Crónica Urbana: RAM passa a ter mais duas siglas, para ficar Região Autónoma da Madeira Diário de Notícias

Rui Marote

A canção de Zeca Afonso assenta que nem uma luva para a “chantagem” em que Governo e Câmaras Municipais, inclusive da oposição alinham. Todas afinam pelo mesmo diapasão do jornal “independente” cá do sítio. Só nos resta recordar o músico e poeta Zeca Afonso:

Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada (Refrão)

São os mordomos
Do universo todo
Senhores à força
Mandadores sem lei
Enchem as tulhas
Bebem vinho novo
Dançam a ronda
No pinhal do rei (Refrão)

O DN-Madeira é indiscutivelmente hoje um grande partido da oposição a quem convier consoante o momento, além de ser sem dúvida um órgão de informação que domina da direita para esquerda e da esquerda para a direita.Todos comem no mesmo “gamelão”. E assassinam qualquer concorrência. Fazem -me lembrar aqueles filmes do farwest: “Como te chamas ? Manuel …! Pum… pum… Chamavas-te!…

Este suposto órgão de comunicação social independente já vendeu faqueiros, copos, árvores de Natal, toalhas de praia, escapulários (santinhos) livros, cassetes, vídeos e até bandeiras de Portugal. Hoje vendem café com direito a estacionamento e um “periódico”.

Recordo o meu saudoso amigo Tolentino de Nóbrega, quando dizia: “Não te preocupes, somos atacados diariamente por sermos um órgão de informação contra o regime, mas  verás que no período de eleições seremos a favor do regime laranja”. Era esta a novela que se repetia sempre que havia eleições.

Os súbditos de Sua Majestade nesta Região eram enxovalhados diariamente pelos governos jardinistas, para de um momento para outro serem convidados de honra de inaugurações onde brindavam com vinho Madeira enterrando à porta o machado de guerra, não faltando nos discursos elogios e agradecimentos, deixando transparecer aos presentes que afinal  tudo não se passava de uma tempestade num copo de água e que eles e o Governo seriam amigos para sempre.

Tem sido e continuará a ser o “capitão Nelson” que impõe as regras ao longo da nossa história. Já oferecemos rainha e dote. Recordemos a princesa portuguesa que levou o chá à Inglaterra, filha do rei  D. João IV, de seu nome Catarina de Bragança. Casou-se com o rei Carlos II da Inglaterra, e ao contrário das inglesas que eram na sua maioria loiras, a princesa era baixinha e morena .E para muitos considerada feia, a pobrezinha.

Entretanto, o rei sempre gostou de Catarina e nunca quis anular o casamento por falta de herdeiros. Além disso o rei gostava muito da sogra. Para o casamento, Catarina levou para a Inglaterra muitas riquezas que faziam parte do dote. Uma delas foi a cidade de Bombaim, na Índia. Além da cidade, como dote, levou na bagagem umas certas folhinhas que os ingleses adoraram: o chá! Então foi a rainha de origem portuguesa que fez nascer a mais inglesa das tradições ,o chá das cinco.

Nos dias de hoje em vez de chá, montam-se vãos de escada e dá se a bica “anexada” ao Diário, dois em um, como champoo e amaciador. As entidades fecham os olhos à não existência obrigatória de uma casa de banho nos ditos “cafés” de vão de escada.

Agora o “independente” transformou-se mesmo despudoradamente numa agência de artistas, colhendo vastos proventos para organizar e divulgar festas a contrato da Câmara de Machico, ainda por cima da oposição política ao Governo. Já tinham prática, de quando levaram cantores à África do Sul, e de outros números de circo que incluem a realização de provas desportivas.

Este ano é propício a festas. As eleições estão à porta. O que não compreendemos é como é possivel um órgão de comunicação social  estar à frente destes eventos, com o órgão regulador da comunicação social a assistir a estes atropelos sem se manifestar.