Da “abelhinha” ao Tuk-tuk

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Capacidade máxima? Não existe., É como sardinha em lata.

Rui Marote (texto e fotos)

Nos anos cinquenta do século passaado existiam duas praças de táxis na Avenida Manuel de Arriaga. Uma na parte norte, junto ao edifício da ex-Junta Geral, no sentido Avenida do Infante. Outra na parte Sul, no sentido Caixa Feral de Depósitos – Rua Fernão de Ornelas.
Nessa época, os táxis tinham a cor preta e mais tarde preta e verde. Na Madeira a existência da raça negra resumia-se então a cinco ou seis pessoas. Acontece que na praça existia um único motorista negro. Os jovens quando utilizavam esse meio de transporte pediam aos pais para viajar na “abelhinha” do preto, pessoa muito simpática e conversadora.
Na época contavam-se muitas partidas ao chauffer de cor negra por parte dos colegas. Uma certa noite muito chuvosa e fria, os motoristas resguardavam-se no interior da “abelhinha” e passavam pelas brasas.

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Tuk-tuk, versão “extra-large”

Um colega resolve então abrir a porta de trás da “abelhinha” do negro, e fechá-la de imediato, gritando São João .
O negro desperta, põe o carro em andamento, e ao chegar  às imediações do local solicitado pergunta: onde vai ficar? Um silêncio… não obtendo resposta, olhou para o banco de trás e não viu nenhum cliente. Apavorado, regressou à praça e exclamou ter sido vítima de almas do outro mundo. Motivo de óbvias risadas e chacota dos colegas. Episódios caricatos da vida de um homem bom, mas ingénuo.

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Uma boa soneca do condutor simultaneamente ao repouso da vaca sagrada…

Com a autonomia, o  Governo Regional deliberou modificar as cores para amarelo e azul e dar um subsidio de compensação para essas pinturas.
O Funchal regozija-se de possuir as melhores praças de táxi do país. Na sua maioria, as viaturas são da marca Mercedes. Um táxi que tenha uma batida nunca está na praça, só regressando totalmente arranjado e pintado.
Nos últimos tempos esta classe tem tido uma concorrência feroz de carrinhas clandestinas e agora dos Tuk Tuk importados da Ásia .
A protecção a este meio de transporte que veio para ficar levou a APRAM, que tem por missão construir portos e marinas, a construir uma doca para os tuk-tuks, no calçadão da Sá Carneiro, sem sabermos quais os interesses.
Quem não se lembra dos carros de bois, que hoje nem em postais existem?
Somente estão  registados em livros. Um transporte típico madeirense fora da realidade actual.

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Recorde-se que na altura o turismo tinha um projecto para reactivar os carros de bois, somente na área junto da Avenida do Mar, mas que caiu no esquecimento.
Hoje temos a Ásia implantada no Funchal. Nesse sentido, aproveito para dar-vos a conhecer o novo modelo de tuk-tuk, a  que chamo de ‘extra large’, Se alguém se lembra de importar esta versão que encontrei na Índia, as carrinhas dos taxistas tem os dias contados: estes veículos transportam dez pessoas. Aqui na Índia não tem limite de lotação: é como se fosse sardinha em lata!
Da “abelhinha” ao tuk -tuk foi uma evolução notável, para não falarmos na corsa…!!!