Rui Marote (texto e fotos)
Quem vem à Índia tem forçosamente de andar de Tuk-Tuk. São aos milhares, de cor amarelo torrado e preto. É um meio de transporte económico e rápido. Não respeitam sinais, muitas vezes andam em contramão e são um meio de encurtar as distâncias e mudar de direcção rapidamente. Assistir à movimentação de trânsito nas avenidas é um autêntico espectáculo de “Poço da Morte”, como nos circos de antigamente, que nos dá a sensação que haverá inevitavelmente um choque em cadeia. Mas é pura ilusão. Os condutores são versados na arte de conduzir indisciplinadamente, e o concerto de apitos bate qualquer orquestra sinfónica.
Ao utilizarmos este meio transporte interrogamos-nos sobre a natureza dos condutores e vêm-nos à memória aqueles slogans circenses: “Aquele que riscou no dicionário a palavra medo e escreveu arrojo, audácia, emoção, sangue frio e desprezo pela vida!” Conseguem fazer mil e um ziguezagues em todas as faixas da estrada. Contornam buracos, caem nos buracos, sobem lombas… o cliente tem de estar atento porque o capacete é o alto da cabeça e o limite é o tejadilho do Tuk-tuk. Há momentos nos quais, por instinto, efectuamos o gesto de travar porque pensamos já bateu… mas afinal passou ao lado. O artista-condutor tem reflexos de águia e nós, que fazemos parte do “show”, andamos caladinhos e vamos pedindo aos santinhos que nos protejam. Seja o que Deus quiser!