Venezuela de Gallegos a Maduro

gaudencioEm Dezembro de 1823, o Presidente dos USA, James Monroe, avisa: […] os Continentes Americanos […]não podem mais ser considerados[…]de colonização Europeia. O recado estava dado aos Europeus. Espanha saía de Cuba em 1898. O Império Americano arrancava e por essa altura a 1ª Internacional Comunista, génese do movimento, defendia a PAZ. A participação na 1ª Guerra Mundial posiciona o Império como “herdeiro” dos Europeus no domínio do Mundo.

Finda a 1ª guerra o Império Austro-Húngaro estava desfeito. A revolução russa de 1917 depôs de modo violento os Romanov do trono da Rússia. Na 3ª Internacional, ocorrida em 1919, explorando o sucesso da implantação do comunismo na Rússia, surge a ideia de criar a União Mundial das Repúblicas Soviéticas. Durante 20 anos nuvens negras pairam no ar. Entre 1939 e 1945 a borrasca desabou sobre a Humanidade. O “herdeiro” solidifica a condição assumindo a luta contra o Totalitarismo. Derrotado Hitler, os USA são, definitivamente, os “herdeiros” da Europa da Liberdade. O Mundo fica dividido entre Capitalismo e Comunismo ou Russos e Americanos.

A 10 de Nov. de 1823, os Espanhóis capitulam às tropas de Simão Bolívar. Durante anos, humilhantes investidas coloniais Europeias ocorrem em Venezuela. No longo consulado do Gen. Juan Gómez – 1908/1945 – sob o olhar atento do Tio Sam, a estabilidade conseguida permite controlar a propagação dos ideais comunistas por um lado e, por outro, o aparecimento de homens de letras como Romulo Gallegos. Ele, na sua novela dos anos 30, Doña Barbara, exprime aquilo que era a injustiça, corrupção e traição do regime de Gómez. Caído Gómez, Gallegos sucedeu-lhe mas os negócios do petróleo e também o internacionalismo proletário puseram termo à sua governação.

Emerge a figura de Perez Jimenez. Homem querido dos emigrantes que tiveram bom acolhimento na Venezuela do pós-guerra. Entre Abril de 1953 e Janeiro de 1958 voltou a estabilidade a Venezuela, donde não se eliminara a injustiça e a corrupção de que falara Gallegos. Na residência de Rafael Caldera em Outubro de 1958 – dando corpo à moda da Liberdade vencedora em 1945 – Romulo Betancourt, Raul Leoni entre outros, assinam o Pacto de Punto Fijo. Adecos e Copeanos, revezaram-se no Poder durante 30 anos. Em 1988 o festim acaba. Havia que conseguir o “tri-milagre” de recuperar: a economia, a imagem dos políticos e a dos partidos. O falhanço levou, em 1997, ao Movimento da V República liderado por Hugo Chavez.

Durante 30 anos, assentes no petróleo, governaram os “ricos” habituados à gestão do dinheiro em contas secretas na Suíça. Em 1999, apoiado nos votos dos deserdados, Hugo Chavez chega a presidente. Entra em cena um serôdio internacionalismo operário. Uns – adecos e copeanos – não hesitaram em criar pobres, outros – Chavez, Maduro e o PSUV – para manterem o poder estão-se nas tintas para o sofrimento dos eleitores.  Nos dois casos convinha não esquecer este pensamento de madeirense anónimo: “Tenham sempre presente, que um dia aqueles que não têm emprego nem perspectivas de vir a tê-lo podem reagir e então não haverá política que resista”.

Hoje, Punto Fijo e Chavez, não contam. O perigo vem da “nova religião” cujo “sumo-sacerdote” é o CEO do Goldman Sachs, que diz: “os bancos têm um desígnio social e limitam-se a fazer o trabalho de “Deus”. Vão querer continuar, sob sigilo, a financiar, não a economia mas a especulação, ainda que daí resulte sofrimento. Os “evangelistas” são vários. Vão de Trump a Putin, de Erdogan a Assad. Contam com “missionários” hábeis que, bem pagos, propagam a crença.

Ao usarmos o voto, a arma do Povo, expurguemos a propaganda da informação e escolhamos os candidatos que se demarquem da “religião”. Sejam capazes de construir pontes que unam e não muros que separem – Mandela, não Trump- sirvam os Humanos e não se sirvam deles – Guterres, não Durão Barroso.

Dando ouvidos à propaganda, tempos negros virão para que “os escravos” garantam a “rentabilidade dos mercados”.