Rui Marote
O subsídio de mobilidade para os passageiros da Região Autónoma da Madeira já fez correr muita tinta, pelos problemas que sempre causou e continua a causar. Aqui só há um culpado: o secretário regional da Economia, Turismo e Cultura, que não esteve à altura de saber negociar. Só resta aguardar que as futuras negociações nos redimam deste pecado. Os madeirenses sempre foram portugueses de segunda, e continuaremos a sê-lo por séculos e séculos.
Alguém se recorda dos célebres anúncios da TAP há 30 anos para o Brasil, com partidas de Lisboa, em que,l para os passageiros que residissem no Porto ou no Algarve, o preço era igual aos que residiam em Lisboa? A TAP oferecia o percurso do Porto ou do Algarve, ida e volta, para iniciar o longo curso na capital. Quanto aos madeirenses, iam a nado ou de canoa, ou pagavam Funchal-Lisboa-Funchal.
Quem não se lembra da Air Luxor que apareceu no mercado madeirense com as célebres viagens-pacote em que incluíam hotel para Natal, Baía, Recife e até para o México? Numa conferência de apresentação destes produtos no velho Savoy, participaram vários oradores, anunciando preços de férias muito acessíveis. No entanto, esqueceram-se de que vivíamos numa ilha, vendendo gato por lebre. Quando se chegou ao período das perguntas, não resistimos: perguntámos se estava incluído o voo Funchal-Lisboa-Funchal, uma vez que os passageiros que residiam no Porto ou no Algarve tinham passagem aérea incluída. Na altura, a nossa opinião causou escândalo, quando dissemos que estavam a vender um produto envenenado. Os interlocutores, porém, limitaram-se a dizer que era um assunto a apresentar ao Conselho de Administração.
A boa nova só se verificou em cima do início da programação: aqui prevaleceram os mesmos direitos dos passageiros do Porto do do Algarve.
Vamos a tarifas recentes da transportadora aérea: Brasil 540 euros; Nova Iorque, Boston, Miami, 443 euros, São Tomé 475 euros, Paris, ida, 45 euros, Luxemburgo, 85, Helsínquia 127, Casablanca 88, Praga 119, Genebra 50 só idas, etc., etc.
Quanto à Madeira, no mês de Setembro, ida e volta: 370.78 euros e a determinadas horas os preços mais baixos. O madeirense residente terá de desembolsar os 370 euros e três meses depois receber o reembolso nos Correios. Aqui paga 86 euros e o Estado, que somos todos nós, paga 284.78 euros. Isto é uma loucura, um saco sem fundo. Agora, surge uma nova modalidade: a TAP quer fazer frente às low cost e já começou a vender viagens a partir de 1 de Setembro, para dar início a essa operação em Outubro. Não nos consultaram, uma vez que beneficiávamos do subsídio de residente. Na última semana, já disseram que os madeirenses podem beneficiar deste ‘ovo de Colombo’ e toca a mandar emails a quem tem cartão Vitória.
“A tarifa discount é a mais adequada para quem quer viajar low cost, com refeição incluída. Se procura uma opção que se ajuste a si e à sua família e lhe permita levar bagagem de porão, deixamos-lhe três tarifas à escolha: Basic, Classic ou Plus. Se viajar faz parte da sua rotina diária, opte pela nossa tarifa Executive ou pela nova Top Executive”.
O Governo Regional e a secretaria da tutela continuam surdos e mudos. Em que ficamos, vamos em low cost, beneficiamos do subsídio de residente como na Easyjet ou isto é uma maneira bem cozinhada de acabar com as idas ao Correio? Mais um produto envenenado. O nosso ‘grito do Ipiranga’ está bem enterrado no meio das bananeiras. O madeirense come o que lhe põem no prato. E bico calado.
A paciência tem limites… Vamos ficar atentos a esta manobra. Uma companhia de bandeira que vira low cost, que mais irá acontecer?
Fizemos uma consulta na TAP e na Easyjet para as mesmas datas, de 13 de Outubro a 20 do mesmo mês. É ver o quadro abaixo: