No calendário turístico regional, as vindimas estão em alta. Mas o FN quer, em primeiro lugar, mais do que a políticos, historiadores, enólogos e a todos os “players” do setor, prestar uma singela homenagem ao agricultor,que cultiva a terra de sol a sol e fica à mercê da natureza e dos seus contratempos. E resiste, resiste, resiste…

Neste solo fértil para as diferentes castas de uva, com a mão forte e audaz dos viticultores, a produção foi florescendo.Vem-nos à memória as latadas, autênticos lençóis de vinha e de uvas, dias inteiros de apanha por esses terrenos adentro, botas de água e lagares onde se repisa a uva e nasce o vinho. Tudo muito familiar, duro, modesto mas genuíno.

Neste circuito, os viticultores são a essência do negócio, embora sempre tenham sido aqueles que menos ganham com o mesmo negócio, explorado por quem tem dinheiro e terra para lavrar. Também é certo que uma parte complementa a outra e assim se urde a produção.

É bonito ver-se a Praça do Povo e a Avenida Arriaga engalanadas. Ainda ninguém se lembrou de recriar as latadas em plena cidade, replicar um lagar ao vivo no coração da urbe e trazer os produtores para esta festa, para que não se fique pelo estrangeirismo workshop ou Wine Willage. Falta imprimir ao cartaz não o cenário montado para a fotografia, estereotipado, mas a força de quem produz a terra. Não figurantes a simular seja o que for. Apenas a realidade dos nossos campos, singela mas encantadora.

A homenagem das vindimas vai toda para esses produtores anónimos que ganham pouco mas são felizes na mesma e são a essência do Vinho Madeira.