
*Com Rui Marote
É impressionante como esta estrutura continua a resistir às intempéries e à fúria do mar, aguardando que a Câmara Municipal do Funchal lhe dê um destino. O Cais do Carvão foi construído em 1903 e ainda ali está, em ruínas, é certo, mas com paredes ainda bem resistentes.
As ideias não faltam e as propostas são imensas. O factor cifrão, para concretizá-las, tem sido o grande travão da edilidade funchalense, ao longo de vários mandatos.
Na altura da sua construção, o hotel Pestana, nas imediações, fez um ‘forcing’ para adquiri-lo e ter um acesso ao mar. Também o Clube Naval do Funchal esteve enamorado do cais, visando ampliar as suas instalações, mas tudo caiu em saco roto.
Hoje, esta estrutura, com passado histórico, é visitada aos finais de tarde por imensos turistas e locais para assistir ao pôr-do-sol. Quanto aos amantes da pesca de recreio, têm ali um ponto de lazer. Um cais com mais de um século parece aguardar um outro século para que a edilidade lhe dê um destino mais condigno do que a mera manutenção das ruínas degradadas.
No entanto, as mesmas falam-nos de um bocadinho da história do Funchal. Na altura da sua construção, nos primórdios do séc. XX, o cais foi importante para a urbe. O uso do carvão, como combustível, estava então na ordem do dia em todas as marinhas do Ocidente, e este cais foi uma evolução para as instalações de abastecimento e comércio de carvão, sendo que as anteriores remontavam ao segundo quartel do séc. XIX.
Industrial e tecnologicamente, o Cais do Carvão foi relevante por ter sido o primeiro local do seu tipo a ser construído na ilha.