Que fatores poderão estar a condicionar a abundância e variação da quantidade de atum nas nossas águas? A investigadora Margarida Hermida meteu mãos à obra e, desde setembro, encontra-se a liderar um projeto de investigação que pretende aprofundar o conhecimento científico sobre as principais espécies de tunídeos capturadas na Região.
Os atuns estão entre as espécies de maior importância comercial para as pescas na Região da Madeira. O atum patudo (Thunnus obesus) e o gaiado (Katsuwonus pelamis) são as espécies de tunídeos que costumam ocorrer com maior abundância, apresentando uma forte sazonalidade.
O atum patudo ocorre na Região principalmente entre abril e julho, enquanto o gaiado ocorre preferencialmente nos meses de verão e outono, quando a temperatura da água é mais elevada. Em 2014, o padrão de capturas alterou-se de forma drástica, tendo havido capturas muito elevadas de atum voador (Thunnus alalunga), o que não é habitual. Este padrão não se repetiu porém em 2015.
Face à importância económica destas espécies, autoridades e comunidade científica entendem ser de grande relevância a realização de estudos científicos que contribuam para compreender os padrões de ocorrência e abundância das diferentes espécies na Região.
Foi com este objetivo que Margarida Hermida, do
CIIMAR-Madeira, apresentou em 2015 um projeto de pós-doutoramento à ARDITI (Agência Regional para o Desenvolvimento da Investigação, Tecnologia e Inovação). Chama-se “TUNAMAD” e tem como objetivo principal estudar os fatores biológicos e ambientais que contribuem para as variações na abundância das diferentes espécies de atuns na Região.
O projeto teve início em setembro de 2015 e tem como orientadores Rui Caldeira, diretor do OOM (Observatório Oceânico da Madeira) e Aurélia Saraiva, Professora da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, sendo realizado no CIIMAR-Madeira em colaboração com a Direção Regional de Pescas.
O trabalho inclui uma componente oceanográfica, que é realizada com base na análise de dados de satélite, e uma componente de amostragem biológica, em que são recolhidos dados de biometria, parasitologia, e hábitos alimentares de um número significativo de exemplares de atum.
Esta componente mais prática teve início em abril passado e realiza-se nas instalações da Direção de Serviços de Investigação e Desenvolvimento da Pesca.
Até junho, o projeto conta ainda com a colaboração do Thibaut Péran, estagiário Erasmus da Universidade de Brest (França).
De acordo com a investigadora o objetivo passa pelo aprofundamento do conhecimento da biologia e ecologia das espécies de atum mais importantes que ocorrem em águas da Madeira, bem como compreender as causas que levam às variações na abundância das diferentes espécies.
Saliente-se ainda que este trabalho se insere no esforço que está a ser realizado por várias instituições regionais co-promotoras do OOM, entre as quais a Direção Regional de Pescas e o CIIMAR-Madeira, no sentido de aumentar a produtividade científica da Região.