O Natal na Casa da Calçada: uma proposta museológica

CASA MUSEU FREDERICO DE FREITAS6

O Natal é uma época do ano intensamente vivida pelos madeirenses. É esse o espírito que se pretende manter na Casa-Museu Frederico de Freitas, ao abrir portas com um percurso especialmente concebido para valorizar o acervo ligado ao Natal.

“No tempo em que a casa pertencia ao Dr. Frederico de Freitas, a Casa da Calçada apresentava-se particularmente atrativa. As grandes limpezas deixavam as madeiras, os metais, os vidros e os cristais a brilhar. Os presépios saiam dos armários e exibiam-se por entre verduras e enfeites. Deliciosas receitas tradicionais eram preparadas e saboreadas nas mesas de jantar e do chá adornadas com as melhores loiças, cristais e bordados. São essas as memórias que nos inspiram ao apresentar a iniciativa “O Natal na Casa da Calçada”. O objetivo é relembrar vivências, requintes e usos passados, porque motivar sorrisos e oferecer encantos foi a forma encontrada por esta instituição para celebrar e desejar um Feliz Natal a todos os que visitam o espaço”, dizem os responsáveis.

Interessantes e variados presépios, de origem regional e nacional, datados dos séculos XVIII, XIX e XX, são montados pelos diversos espaços da Casa da Calçada. Merecem especial realce as imagens do Menino Jesus entronizado em escadinhas, as caixas de presépio do século XVIII e XIX e o grande presépio de rochinha.

As escadinhas e as rochinhas ou lapinhas são duas tipologias específicas de presépios que se afirmam na Madeira a partir do século XVIII e que evoluem ao longo do século XIX, até aos nossos dias. As escadinhas, singelas mas encantadoras, eram armadas como pequenos altares sobre mesas engalanadas. O seu objetivo é a entronização da imagem do Menino Salvador que abençoa o mundo, e se apresenta sob um arco enfeitado, rodeado por searinhas, frutas, brindeiros e “pastores”, explica a nota enviada pela Secretaria Regional da Economia, Turismo e Cultura aos órgãos de comunicação social.

As rochinhas, quando realizadas à escala miniatural, podiam abrigar-se em caixas envidraçadas, designadas por maquinetas. Estas maquinetas, também conhecidas na Região por presépios de caixa, encerravam apenas a cena principal da Natividade, ou iam aumentando de tamanho na mesma proporção em que se multiplicavam as personagens secundárias, como anjos, reis magos e pastores. Outra versão são as rochinhas armadas como cenários, ocupando por vezes uma divisão da casa e integrando peças de variadas dimensões que se desdobravam em cenas de temática religiosa, relacionada com a vida de Jesus. A visão profana entra pela mão dos pastores que tendencialmente iam perdendo as suas características bíblicas para representar cada vez a população local nos seus múltiplos ofícios e afazeres quotidianos. Reconstituía-se a realidade regional integrada numa paisagem construída à imagem da ilha, com socalcos montanhosos, semeados de vegetação e cortados por linhas de água.

Nas Salas de Jantar e do Chá belos serviços de faiança inglesa, pratas, cristais e bordados, saem das reservas e, unicamente nesta quadra, exibem-se sobre as mesas e bandejas, montadas a preceito.

A visita aos presépios na Casa-Museu Frederico de Freitas é gratuita, iniciou-se no último dia 9 de dezembro e decorre até 16 de janeiro, de terça a sábado, entre as 10h00 e as 17h30. As visitas guiadas realizam-se para grupos, com o mínimo de 6 pessoas, sob marcação prévia através dos Serviços Educativos (telefone nº 291 202578 ou email cmffreitas.drc.sretc@gov-madeira.pt)