E os “100 dias” da Assembleia? Um mestre com uma boa turma parlamentar

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Tranquada (à direita) e Carlos Pereira no intervalo das sessões. Foto Rosário Martins

Num momento em que se faz o balanço aos cem dias do novo Governo Regional, faz todo o sentido mencionar o papel do Parlamento, também ele com maior trabalho e visibilidade do que nunca, numa era política que dá grande enfoque à Assembleia.

O rosto principal da Assembleia, o seu presidente, dá provas de “nadar como peixe” nestas funções de primeira figura da Assembleia Legislativa. Cordial com todos, da direita à esquerda, flexível na gestão dos tempos de intervenção dos deputados, de bom trato e saber de experiência feito, é caso para dizer que Tranquada continua a mostrar que a escola que fez de deputado deu-lhe a rodagem necessária para o cargo de presidente.

Numa das sessões plenárias, em véspera de férias dos deputados, Tranquada Gomes circula pelos passos perdidos da Assembleia com tranquilidade, troca uns dedos de conversa com o líder do PS, Carlos Pereira, resiste às provocações difíceis de José Manuel Coelho sem perder as estribeiras e vai gerindo, em lume brando e com grande “savoir faire”, as tiradas dos deputados das diversas bancadas parlamentares. Uma escolha, para já, acertada de Albuquerque.

Apesar de passar ao lado da comunicação social, o Funchal Notícias também faz o balanço à nova legislatura e regista a abertura do Parlamento aos jornalistas, nomeadamente as comissões especializadas, a postura dialogante e ponderada de Tranquada Gomes e o trabalho intenso e notório da bancada do PCP com inúmeras propostas legislativas, seguindo-se também nesta produção parlamentar o CDS-PP com grande pujança.

O deputado do PTP tem agitado o plenário com iniciativas ora pertinentes ora menos válidas, mas tem marcado a agenda. Lembremo-nos das questões colocadas ao presidente do GR sobre as suas dívidas que obrigou Albuquerque a uma declaração de confirmação.

O líder parlamentar do PS, Carlos Pereira, tem dado cartas no domínio dos números, mostrando as perdas desnecessárias de um governo que vai adiando a resolução dos dossiers.

Dionísio Andrade do PND não passa despercebido. Com metáforas hilariantes, e perante um governo que terá feito um “peeling à Lili Caneças”,denuncia os lobbies do costume e, não deixa de suscitar o riso de todos, quando, mal abre a boca, já está a ser advertido pelo presidente “está a acabar o seu tempo, sr deputado…” Dionísio Andrade não sabe se se levanta e intervém ou se não vale o esforço de sequer se levantar.

Palavra de apreço também para as intervenções dos deputados do BE e da JPP, sempre atentos à defesa dos direitos do povo. Da parte do PSD, os novos deputados, reconheça-se, têm enfrentado muito trabalho pela frente. Há que esgrimir com uma oposição que dá mostras de fazer o trabalho de casa. Também a bancada da maioria tem adotado uma postura mais flexível e dialogante, aprovando, por exemplo, projetos do PCP e do CDS e pedindo à oposição mais tempo, já que o novo governo tem pouco tempo de serviço. São inquestionavelmente outros tempos.