A oeste da Madeira, onde o sol nasce sempre e tardiamente se põe, abrirá ao público um hotel que foi erguido sobre as ruínas do antigo engenho da Calheta. Tirando partido do longo historial da cultura da cana sacarina e do mel, o grupo AFA projetou o hotel e prepara-se para inaugurá-lo no dia 18 do próximo mês.
Avelino Farinha, o grande promotor do investimento, como tantos outros que compõem a Madeira Nova jardinista a oeste, contratou o antigo diretor dos portos, Bruno Freitas, para administrar a nova unidade que promete empregar cerca de 70 colaboradores.
Nini Andrade, premiada internacionalmente como designer de interiores, deixa também a sua marca no Saccharum Hotel, um resort com um estilo considerado minimalista e histórico. Ao Funchal Notícias, Nini explica as suas opções: “ Este hotel baseia-se na cana do açúcar. A piscina é um tanque de mel fantástico. O acesso ao SPA é como se andássemos no meio das canas que são tão típicas da Calheta. A entrada, as colunas de tijolo, fazem honra à antiga fábrica. É um projeto muito bom que envolveu muitas pessoas, todas com a mesma paixão de erguer um lugar fantástico”.
Nini não tem mãos a medir quando se trata de inovar. Não gosta de falar que tem em mãos um grande projeto. A sua lógica é outra: “O meu grande projeto neste momento é o de sempre. É fazer o melhor de cada desafio que me aparece. Felizmente estamos com vários projetos. Os que vão abrir brevemente são dois: é o hotel das Furnas, em São Miguel, nos Açores, e o Saccharum, na Calheta, Madeira. No Hotel das Furnas, os temas são as próprias furnas e um misto de vapores e cascatas. Faz parte dos Design Hotels of The World “.
A projeção internacional que a madeirense tem vindo a granjear nos últimos anos tem como segredo “muito trabalho”. Além de ter pessoas que acreditam no seu trabalho, não esquece a “equipa fantástica” que a apoia no seu Atelier, a quem faz questão de evidenciar a sua gratidão.
Nos primórdios da sua atividade, Nini também dinamizava e coreografava os grupos que desfilavam na cidade, na Festa da Flor e noutros cartazes turísticos da Região. Passados alguns anos, olha para a organização destes eventos, considerando que “cada vez mais se faz um esforço para melhorar”. Resultado? “Como em tudo na vida, umas vezes são mais bem aceites que outros”.
No último Natal e fim de ano, as iluminações despoletaram muita polémica, pela falta de colorido habitual que tipicamente caracteriza a “festa” madeirense. Nini opina: “Cada pessoa tem o seu estilo. Umas agradam mais que outras, o que não quer dizer que seja melhor ou pior. Eu faria à minha maneira. Tenho uma ideia que era projetar luz nos prédios de cores diferentes conforme as praças .
Projetar vídeos de natal e fazer a cidade do pai natal com tudo o que a Madeira tem de característico”.
Portugal tem reconhecido o mérito da designer madeirense. O Presidente da República agraciou-a com a Ordem do Infante do Henrique, o que considerou ser “uma honra”.
Nini tem projetos também para o Porto com a Ikea e o Mar Shopping: “Fui desafiada, juntamente com a Universidade de Design e Arquitetura do Porto para, juntamente com os alunos, fazermos instalações nas áreas de descanso do centro comercial com material Ikea”.
A crise e os últimos acontecimentos originaram mudanças inquestionáveis também na cidade do Funchal. Mas Nini considera-a sempre aprazível e lá está a tendência da artista em inovar: “Muita coisa mudou porque o mundo mudou. Apareceu mais comércio tradicional, o que é bom. Trouxeram novas ideias e vivências a cidade. As outras empresas aos poucos e poucos estão a recuperar. Eu gostava de ver a cidade transformada numa grande galeria de arte, nas lojas que atualmente estão fechadas. Fazer de cada montra um quadro”.
Num tempo de viragem política na Madeira, com Miguel Albuquerque a suceder a Jardim na liderança do PSD/M, Nini vê com otimismo o novo ciclo: “Conheço o Miguel desde criança. Sempre tive admiração por ele. Acredito que fará um bom trabalho. No que for preciso, estarei cá para o ajudar”.