Madeira Island Ultra Trail traz milhares em Abril – A organização defende apoios a quem dá retorno à Região

Nuno Gonçalves, presidente do Clube de Montanha do Funchal, com Luís Fernandes, o vencedor 1º circuito de Trail Running realizado este sábado no norte da ilha.
Nuno Gonçalves, presidente do Clube de Montanha do Funchal, com Luís Fernandes, o vencedor 1º circuito de Trail Running realizado este sábado no norte da ilha.

Texto e fotos: Helena Mota

Tudo a postos para a 7ª edição do Madeira Island Ultra Trail, evento desportivo que levará milhares de atletas a percorrer as serras da Região, no fim de semana de 11 e 12 de abril. O evento conta já com 1300 inscritos de 31 nacionalidades. O Clube de Montanha do Funchal, a entidade organizadora, diz que o MIUT é já referência internacional e que só crescerá com os apoios legítimos. Cá dentro, ainda faltam “olhos de ver”, diz Nuno Gonçalves.

 

FN – A prova do último fim de semana, São Vicente-Porto Moniz, trouxe à Região a equipa francesa Hoka One One que esteve em destaque pela sua mediatização. Trata-se de uma preparação para o MIUT deste ano?
NG – Constituiu, sem dúvida, um excelente teste para prepararmos não só todo o esquema de logística como também as equipas e os nossos colaboradores para iniciativas deste calibre. Foi uma oportunidade para limar algumas arestas, tendo em vista a preparação desse grande evento que fará parte do Ultra Trail World Tour.

FN – Em 2014, o MIUT contou com cerca de 800 atletas de 24 países. Como estão a decorrer as inscrições para este ano?
NG – Neste momento, temos cerca de 1300 inscrições nas quatro provas que constituem o evento, num universo de 31 nacionalidades. Estamos algo expectantes, mas acreditamos poder atingir os 1400 inscritos.

FN – É possível fazer crescer ainda mais este evento?
NG – Há ainda uma margem de progressão, de potencial de crescimento, mas para que tal aconteça é necessário um maior envolvimento de entidades públicas e privadas.

FN – Quando em 2008 organizaram pela primeira vez o MIUT, estavam à espera de um crescimento tão significativo?
NG – Tudo começou como um desafio, como resultado de uma brincadeira que nós, elementos do Clube de Montanha do Funchal, nos propusemos a nós próprios. As coisas, entretanto, foram tomando dimensão e com isso crescemos em termos organizacionais.

FN – Mas o projeto avança porque há muita vontade do clube.
NG – Sim, porque acreditamos fundamentalmente que o futuro da Madeira, enquanto destino de turismo desportivo ativo, passa por este tipo de evento. Temos conseguido mobilizar equipas e logística em prol de um evento já considerado, ao nível internacional, um dos maiores cartazes promocionais da Região.

FN – Qual é a dimensão desta prova em termos nacionais e internacionais?
NG – É fenomenal. Ainda há poucos dias falava com o team manager da Team Hoka e ele dizia-me que eu talvez não soubesse do real impacto que o MIUT tem no contexto internacional. Ou seja, dizia-me ele que esta prova tem já uma grande procura por parte dos trailers internacionais e que, se calhar, a Região deveria olhar para este evento com outros “olhos de ver”.

A prova rainha do MIUT 2015 terá a distância de 115 km. Do Porto Moniz a Machico serão muitas horas a correr pelas serras da Madeira.
A prova rainha do MIUT 2015 terá a distância de 115 km. Do Porto Moniz a Machico serão muitas horas a correr pelas serras da Madeira.

FN – Na edição do ano passado, os governantes deixaram a promessa de maior apoio. Isso não está a acontecer?
NG – Na realidade, existe uma abertura cada vez maior. Mas não basta. É preciso que haja uma correspondência, terá de se traduzir num apoio financeiro na justa medida do retorno que este evento traz à Região. Sabemos que existem muitos apoios destinados a outras modalidades e eventos, mas há que olhar objetiva e criteriosamente para os mesmos, saber do real retorno e aí decidir com legitimidade que valores e apoios se deve atribuir a essas organizações.

FN – É caso para dizer que o Madeira Island Ultra Trail “pegou de moda”?
NG – Há pessoas que nunca na sua vida tinham feito exercício físico ou prática desportiva regular e logo que vivenciaram o trail ficaram, digamos, “agarrados”. Para uns poderá ser uma moda, mas para muitos é já um modo de vida.

FN – Quais os requisitos mínimos para participar no MIUT?
NG – Terá de ser maior de idade. Por seu turno, a prova principal exige a finalização, pelo menos, de uma prova de 42 km. É de elevado nível de dificuldade, onde a resistência é a característica principal. Exige um grande investimento ao nível do treino. As pessoas, à partida, têm de fazer uma autoanálise para saber se têm capacidades físicas e psicológicas para fazer este tipo de prova.

FN – Há alterações em termos de percurso?
NG – Apenas pequenos acertos que não alterarão significativamente o grau de exigência. Operámos algumas modificações, sendo que a partida do Porto Moniz, à meia-noite, será somente para a prova principal. As restantes provas têm locais de partida diferenciados – Paul da Serra, Pico do Areeiro e Portela. Todas elas, porém, acabam em Machico.

FN – Que outras entidades colaboram na organização do MIUT?
NG – Nós fomos os percursores, mas há outros clubes envolvidos, nomeadamente, o Clube Aventura da Madeira, o Jardim da Serra, a Associação Cultural e Desportiva do Estreito, além de outras entidades que farão a sua estreia na organização deste ano.

FN – O que implica organizar uma prova desta dimensão, sobretudo em termos de custos?
NG – Isto requer uma grande preparação ao nível da logística, coordenação e planificação. Nós já temos essa experiência de edições anteriores. Temos, de facto, um orçamento bastante limitado, condicionado aos apoios e receitas que temos vindo a obter. No entanto, trata-se de uma modalidade em que os participantes pagam inscrição. É sobretudo com os contributos dos atletas estrangeiros que nos visitam que fazemos face à nossa estrutura de custos.

FN – O que distingue a Madeira de outros destinos neste segmento?
NG – É essencialmente a simbiose entre a montanha e o mar. As vistas deslumbrantes, as paisagens que conseguimos proporcionar através dos nossos trilhos, levadas e veredas são um autêntico espetáculo.

FN – A Madeira tem então as condições ideais para esta modalidade.
NG – Sem dúvida. Tal comprova-se não só pela grande participação nas provas regionais como também pelos estágios que estão a ser feitos na Região por equipas estrangeiras, durante o ano inteiro. Penso estarem reunidas as condições para termos aqui um destino a tempo inteiro de Trail Running.

FN – A edição do MIUT 2015 realiza-se de 9 a 12 de abril. Alguma razão especial para esta data ou terá a ver apenas com as condições climatéricas?
NG – Não só, mas também. Há igualmente imperativos do calendário internacional. Muito possivelmente, esta data irá mudar novamente para 2016 por força do calendário internacional.

Inscrições até 8 de Março
A edição deste ano é constituída por quatro provas, de 115, 84, 40 e 17 quilómetros cada. A prova principal, MIUT115, integra o calendário do Ultra Trail World Tour, sendo pontuável para o Circuito Nacional e Campeonato de Portugal de Trail Ultra Endurance.
As inscrições decorrem até 8 de Março. A partir de 28 de fevereiro, o custo das inscrições será fixado entre os 50 e os 150 euros, de acordo com a respetiva prova.