*Com Rui Marote
À medida que as obras da marina do Funchal crescem, torna-se cada vez mais evidente aos utentes da mesma, nomeadamente os proprietários de barcos, que se trata de um projecto orientado para terra, e não para o mar. Esta é apenas uma das muitas críticas que temos ouvido. O projecto de arquitectura já mostrava uma série de dificuldades acrescidas: criação de canteiros de árvores e bancos para as pessoas se sentarem, situados precisamente em frente aos pontões (“fingers”) de amarração dos iates. Tudo a tornar mais difícil a manobra de camiões ou gruas para, por exemplo, retirar motores dos barcos, ou outros objectos pesados (ou simplesmente carrinhas).
Entretanto, para os que não conhecem o projecto, vai-se tornando mais notória a ocupação do espaço por infraestruturas destinadas a albergar lojas e restaurantes. O passeio público junto à marina e o trânsito de peões e viaturas (de apoio aos barcos) fica complicado e cada vez mais reduzido, principalmente no lado leste da marina do Funchal.
As maiores críticas dos proprietários dos barcos, agora já irritados pelo condicionamento que o assoreamento da marina do Funchal sofreu em consequência do recente temporal, dirigem-se, como já dissemos, a um projecto que privilegia as actividades comerciais em terra e não a aposta em receber embarcações e prestar-lhes o melhor serviço.
“Cometem-se os mesmos erros do projecto inicial”, apontam. “Prepara-se uma série de infraestruturas para acolher lojas e restaurantes que, na maior parte dos casos, não funcionaram como previsto aquando do antigo projecto da marina. Foram fechando e transformando-se em estruturas “fantasma” e degradadas”, acolhendo pouco a pouco verdadeiros “estaminés” e não os estabelecimentos de “luxo” que inicialmente se julgava.
Agora “continuam-se a cometer os mesmos erros”, dizem as nossas fontes.
“Dá a ideia que aquela zona foi projectada para ser uma zona comercial virada para terra, para lojas e restaurantes, e que os nossos barcos estão ali apenas a incomodar e até deveriam ser retirados”, referem os iatistas.
E os mesmos já prevêm, inclusive, que os preços venham a subir quando as obras da nova marina forem inauguradas, embora por enquanto se diga “que vão manter os mesmos preços”.
Critica-se, portanto, a alegada “falta de visão” em apostar numa economia de boa recepção e serviços aos iates, como acontece mesmo aqui ao lado – em Canárias.