PAN denuncia “negligência obstétrica” no Hospital Dr. Nélio Mendonça

O PAN veio denunciar publicamente o considera ser um caso de “negligência obstétrica” no Hospital Dr. Nélio Mendonça. O partido diz “solidarizar-se com as parturientes e questionar a falta de cuidados e em certos casos a negligência da equipa médica na unidade de obstetrícia” do referido Hospital Nélio Mendonça.

Diz esta estrutura política que lhe chegaram “vários relatos de mães denunciando esta problemática”.

“Uma mãe denunciou que esteve dois dias a deambular pelos corredores do 4º andar do Hospital para forçar o parto, não se tratando de um caso único. Acrescentou que outra mulher, que foi mãe pela primeira vez depois dos 40 anos, foi durante três dias sujeita à indução de parto até que decidiram realizar uma cesariana. Questionamo-nos sobre o porquê deste atraso: Será que o Hospital tenta cada vez mais evitar partos por cesariana, a fim de reduzir os custos dos partos? Não seria legítimo avançar para um cesariana mais precocemente, uma vez que após as 24 horas a mulher encontra-se exausta, evitando assim menos tempo de internamento e as consequências associadas aos cuidados de saúde? Esta demora só causa mais tempo de internamento o que poderá levar a infeções hospitalares, tromboembolismos, sofrimento psicológico, etc…”, refere o comunicado do PAN.

Outra jovem mãe, diz o partido, “relatou que passou dois dias com contrações e por vários tipos de indução, até que foi sujeita a um parto forçoso, com ventosas, deixando sequelas na bebé. Ainda outra mãe também contou-nos, claramente transtornada, que durante o seu parto foi: “feito um rasgão até ao reto” (…). “A mim nem me deixaram gritar com as dores, disseram que ia assustar as outras grávidas, para não falar que nas aulas de preparação para o parto ensinam-nos a mexer o corpo e em nenhuma ocasião me foi permitido movimentar na minha própria cama. Tive contrações, pedi para ir varias vezes à casa de banho e quando fui, foi quando elas quiseram e mandaram-me contra as ordens da médica”, refere o PAN.

“Além disso, outra mãe indicou que lhe foi feito o corte do períneo, sendo uma vítima entre tantas outras mulheres que não querem cortar a sua vagina, mas os médicos têm realizado estes procedimentos sem autorização das mesmas.  A mesma mãe ainda nos diz: “Logo que entras no hospital tratam-te com uma frieza que te rouba logo o brio de ser mãe. É obrigatório assinar um termo de responsabilidade em que estás totalmente entregue ao hospital e que eles nem te deixam ler. Dizem que tens de assinar e pronto. Quando eu fui assinar eu disse que queria ler, responderam que não havia tempo e que era para assinar. Questionei que se não assinasse o que acontecia, eles disseram que então ia ter o meu filho na rua e se era isso que eu queria. Fui jogada para um quarto sem nenhum tipo de explicação e só recebi a minha cópia do “contrato” no final da estadia. O mais ridículo é que ainda recebi por email as despesas que o hospital teve comigo e com o meu filho mas com uma nota que não ia pagar e era só para dar de conta.”

“Existem diferentes formas de atenuar a dor durante o trabalho de parto. De entre as medidas farmacológicas e medidas não farmacológicas, a grávida está no direito de optar pelos métodos mais apropriados coadjuvados pelo aconselhamento profissional. Objectiva-se que o momento do parto se paute pela dor controlada em que a parturiente seja capaz de colaborar com a equipa médica. A episiotomia é um corte realizado no períneo (área entre vagina e ânus) com o intuito de ampliar o canal de parto. O parto instrumentado (Ventosas e fórceps) bem como outras estratégias que facilitem, a expulsão do feto, como a episiotomia são de obrigatório consentimento e em momento algum momento deverão consistir em consentimento presumido por parte dos profissionais”, opina o “Pessoas, Animais, Natureza”.

“Qualquer intervenção no domínio da saúde só pode ser efectuada após ter sido prestado pela pessoa em causa o seu consentimento livre e esclarecido. Essa pessoa deve receber previamente a informação adequada quanto ao objetivo e à natureza da intervenção, bem como às suas consequências e riscos” (in Diário da República, Jan. 2001, pag.15)”, cita o PAN.

“Claramente que acreditamos que o parto natural seja o mais saudável, no entanto não podemos deixar que um momento de felicidade passe a ser um momento traumático levando  muitas mães a desistir de ter outros filhos”, diz o partido, denunciando “a falta de brio profissional de alguns profissionais do serviço de obstetrícia no Hospital Nélio Mendonça”

“Algumas mães denunciaram casos de humilhação que passararam no momento do parto a entidades superiores do SESARAM e que até ao momento não tiveram qualquer tipo de resposta. Este tipo de situações não pode passar impune”, conclui o partido.