
Aos dias que procedem o Dia de Natal ou «Dia de Festa», são designados pelos madeirenses por «oitava» ou «oitavas do Natal». Assim, ocorrem «primeira oitava», «segunda oitava», «terceira oitava».
A Enciclopédia Católica Popular define uma «oitava em liturgia», como «o prolongamento por oito dias da celebração duma festa importante, ou então o oitavo dia dessa celebração».
Decorre da Enciclopédia que, «tal costume, com raízes na liturgia judaica, esteve muito em voga durante a Idade Média. A reforma de S. Pio V reduziu o seu número, e o Conc. Vat. II só manteve as do Natal e da Páscoa».
Na Madeira de outrora, as «oitavas do Natal» eram vividas como se fossem «dias santos de guarda» no dizer do Padre Manuel Juvenal Pita Ferreira.
Segundo este, os madeirenses por esta altura (1956), «… de manhã ouvem missa, comungam e beijam o Menino Jesus, para alembrar a Festa; de tarde visitam os padrinhos ou as pessoas mais idosas e respeitáveis da família, – os avós e os pais, – com quem jantam.
O comércio fecha as portas e, no campo, ninguém trabalha.
Pelas «oitavas do Natal», ainda segundo o Padre Manuel Juvenal Pita Ferreira ), «… é costume visitar as lapinhas da vizinhança, do sítio e até da freguesia”.
Toda a esta ambiência natalícia das «oitavas do Natal» que nos narra o Padre Manuel Juvenal Pita Ferreira (O Natal na Madeira: Estudo Folclórico, 1956) prolongou-se no tempo e ainda hoje, algumas das tradições são rememoradas em muitas freguesias madeirenses.
Por outro lado, as «oitavas» não acabam por aqui! Após grande festa do «Fim do Ano», prologam-se pelas «oitavas do Jesus» (primeiro dia do ano) e pelas «oitavas dos Reis» (6 de Janeiro), até ao dia de Santo Amaro (15 de Janeiro) com «limpeza dos armários», lá para os lados da freguesia de Santa Cruz.
Fonte: Madeira Gentes e Lugares