Postais da Cidade do Funchal: “os carros do Monte”

No próximo domingo, o Funchal assinala o 514.º aniversário da sua elevação a cidade, decretada por carta régia de D. Manuel I, no dia 21 de agosto de 1508.

O Funchal Notícias associa-se a esta efeméride, partilhando várias fotografias de espaços emblemáticos e paisagens das 10 freguesias da capital da Ilha da Madeira, com breves apontamentos, ao longo desta semana que antecede a celebração.

“Os carros do Monte”

Hoje, dia em que a freguesia do Monte e a cidade do Funchal celebram Nossa Senhora do Monte, que também é padroeira da Madeira, abordamos os pitorescos carros de cesto do Monte e os carreiros que os guiam.

Carros de cesto a descer o Caminho dos Saltos, atual Estrada dos Marmeleiros. Ao fundo observa-se a igreja do Monte. Nesta fotografia do último quartel do século XIX (c. 1886), os carreiros vestem calças escuras e um deles usa um chapéu escuro. (Foto de Joaquim Augusto de Sousa, em depósito no Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira (ABM), cota atual: cx.5, n.º 10)

Conforme descrito no Elucidário Madeirense, “os carros do Monte com a forma que hoje têm, apareceram em 1849 ou 1850. Os viajantes que visitaram a Madeira no primeiro quartel do século XIX, não se referem a estes carros nos escritos que nos legaram. Antes do aparecimento dos carros, havia umas pequenas corsas em que desciam ás [sic] vezes os viajantes que visitavam a freguesia do Monte.” *

Carreiros a transportar os carros de cesto no Caminho do Monte, em 1900. Os tons das roupas diferem, não existindo uma uniformização (dois tons claros, que se aproximam, e outro escuro). (Foto de Joaquim Augusto de Sousa, em depósito no ABM, cota atual: cx. 40, n.º 13)

Refira-se, a título de curiosidade, que, em 1932, a vestimenta dos condutores dos “carros no Monte e [das] redes” foi definida pela Comissão Administrativa da Câmara Municipal do Funchal, no dia 25 de outubro, sob presidência de Gastão de Deus Figueira. A partir do dia 1 de dezembro de 1932, data em que a postura camarária entrou em vigor, os “conductores e guias (…) [foram] obrigados a usar o traje tradicional”, composto por “calças e camisa brancas, colete branco tambem, bota chã e chapeu de palha com fita azul clara”.**

Carreiros vestidos de branco, chapéu de palha e bota chã, conforme estabelecido pela postura da CMF, de 1932. (“Perestrellos Photographos”, 1932, em depósito no ABM, cota atual: cx. 74, n.º 4)

Estas medidas, também direcionadas aos condutores de carros de bois, surgiram numa altura em que o turismo na Madeira tinha crescido e não bastavam “os encantos naturais desta ilha, sendo também imprescindível que se apresente como uma terra civilizada”.

Atualmente, os carreiros do Monte continuam a vestir-se de branco.

 

*Meneses, Carlos Azevedo de e Silva, Fernando Augusto da, 1946, Elucidário Madeirense A-E, I volume, edição digital Elucidario_vol_I.pdf – Google Drive , p. 485.

**Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira, Câmara Municipal do Funchal, Vereações, 1932-1933, l.1880, fl. 52-53v.º