Estepilha: apoios comunitários mas o “Maria Cristina” continua a apodrecer

Rui Marote
O destino do barco “Maria Cristina” é triste e traz-nos novamente à memória o célebre título “E tudo o vento levou”, datado de 1939 e que veio para salas de cinema em Portugal em 1943. Primeiro, porque quanto aos fundos comunitários, o vento levou-os. E depois, porque nesse filme Clark Gable tinha uma frase, “Francamente, minha querida, estou-me a marimbar”, que assenta como uma luva neste caso, do qual ninguém quer saber.
O Maria Cristina II (réplica) representa a História dos carreiros que faziam o transporte de cal em pó e a extinta “água engarrafada do Porto Santo”, além de géneros e combustíveis. Era o meio de transporte dos portosantenses e madeirenses, marcando a história das ligações marítimas entre ilhas.
Com apoios comunitários e do Governo Regional, nomeadamente a Secretaria Regional da Economia liderada por Pereira de Gouveia, a Madeira esteve em força na Expo 98.
Nasce nessa altura a Nau  Santa Maria e o Maria Cristina, que foi cartaz naquele evento mundial. visitado por milhares de pessoas. Recordo que estive no Porto Santo à partida destes dois marcos históricos .
Não faltava nada: Pereira de Gouveia abriu os cordões à bolsa e até o vestuário a envergar pelos tripulantes foi pago. Ora, o Maria Cristina II regressa depois à Ilha Dourada, ficando à guarda do Clube Naval do Porto Santo para passeios turísticos e apoios à arte de velejar.
Entretanto sofreu uma avaria e rumou ao Estaleiro do Caniçal. E ali jaz e apodrece. Em Setembro do ano em curso, faz dois anos que o Funchal Noticias denunciou esse  processo de “apodrecimento” .
Em 2010 a CDU denunciou a desvalorização e o abandono da embarcação carreireira .
A “teta” de Bruxelas já secou entretanto. Estepilha, agora só com a “Bazuca”, que no meu tempo de serviço militar no ultramar era o termo usado quando pedíamos uma cerveja de tamanho familiar.
Na Madeira temos muitos exemplos dos apoios comunitários mal gastos, O cais 2 feito com 80% de apoios não funciona… Esqueçam!!!
A história continua desaparecer. Restam-nos os registos do Museu Vicente, o Arquivo Regional e as fotos do apodrecer do Maria Cristina II.