Consulta aos fiéis revela que o pároco não é um gestor nem um funcionário, não é dono da Paróquia e as homilias não servem para ajustar contas

A Igreja Diocesana promoveu, nos últimos tempos, uma consulta aos fiéis inserida no processo sinodal.

As conclusões dessa consulta foram tornadas públicas no Dia do Corpo de Deus, a 16 de junho.

Eis a síntese dessa consulta que a Comissão para a Consulta Sinodal na Diocese do Funchal classificou de “pontos de consideração conjunta”:

– Ouvir as comunidades. É de grande proveito realizar assembleias paroquiais e instituir os conselhos pastorais e económicos nas Paróquias fazendo-os realmente funcionar. Esta é uma educação progressiva para que os leigos se sintam corresponsáveis na missão, implicados nas atividades da paróquia, mas sempre com rotatividade para que ninguém se acomode. Os Párocos são também chamados a reservar mais tempo e disponibilidade para conhecer os paroquianos, receber os que procuram um acompanhamento pessoal, estabelecer laços de amizade com eles, fazer caminho com os que são postos à margem por causa de diferentes escolhas de vida. Com frequência, as muitas ocupações dos sacerdotes deixam pouco tempo ao encontro efetivo.

– Cuidar das celebrações litúrgicas, de forma muito particular da Eucaristia e comprometer mais os leigos na preparação dos sacramentos e sacramentais, proporcionando a formação na fé de outras famílias. Neste campo, a promoção dos ministérios laicais precisa de ser dinamizada. Não convém multiplicar desnecessariamente as celebrações da Eucaristia, mas ajustá-las à mobilidade cada vez maior dos que nela participam, preparando-a com o devido cuidado de modo a conseguir uma efetiva participação de todos. Para além disto, importa refletir sobre a divisão das Paróquias na Diocese.

– Estar atento à formação nos seminários e à formação permanente do clero a nível espiritual e humano, ao sentido da fidelidade ao ministério. O Pároco não é um gestor nem um funcionário como, por vezes, um certo comportamento o dá a entender. Não é dono da Paróquia. Deve dar conta do que faz e explicá-lo aos paroquianos afastando-se de tudo quanto seja ambição e tom de superioridade. O ambão não é uma tribuna nem a homilia um ajuste de contas. Os cristãos querem que a Palavra de Deus lhes seja dada em alimento.

– Apostar numa formação que envolva as famílias na catequese e na prática da fé. No geral, as crianças e jovens entendem a catequese como uma instrução teórica em vista da celebração de sacramentos ou então um conjunto de ideais generosos sobre os valores, mas não um encontro comprometido com Jesus Cristo. Os grupos de jovens deviam ser mais incentivados, pois permitem uma continuidade depois do Crisma. O mesmo pode dizer-se em relação aos grupos que rezam com a Palavra de Deus.

– Comunicar com abertura de espírito, sem medo da verdade. Há ainda um esforço a fazer para melhorar a comunicação entre o clero, o que supõe o empenhamento de cada um. Mais do que um método, é um espírito que se cria, na medida em que as ideias pessoais são confrontadas e dialogadas antes de incorporarem qualquer decisão. A comunicação há-de ser melhorada entre os diversos movimentos, quer a nível paroquial, quer a nível diocesano assim como com os leigos que não estão inseridos nos movimentos e associações. Há que estar atento à cultura mediática em que vivemos e para a qual é importante mais discernimento e formação. Ela é um meio importante de anúncio do Evangelho.

– Evangelizar a religiosidade popular, discernir e purificar as tradições, de modo a fazer dela um meio importante para incorporar o Evangelho na vida do Povo de Deus.

Leia o Relatório final da participação e contributo da Diocese do Funchal ao Sínodo em:
https://www.diocesedofunchal.com/l/sintese-final-das-respostas-ao-sinodo/