Rigo 23, o mais internacional dos artistas madeirenses, está a preparar uma exposição intitulada “Abismo Ilhéu / Abyssal Echoes”, que será apresentada no Mudas-Museu de Arte Contemporânea, na Madeira, em 2023. Nesse sentido, está a decorrer um trabalho de restauro de uma obra sua, que integra as iniciativas de preparação para essa mostra.
A instalação do madeirense está ali desde a inauguração do Espelho D’Água, no ano de 2014. É constituída por três esculturas intituladas Kappiri, Talappana e Miri. A ideia da obra foi reflectir ecos da chegada de Vasco da Gama à Índia.
Kappiri é uma obra feita de troncos de madeira reciclados, representando o escravo mártir; Miri, elaborada com nambu e arame, representa um barco pilhado e incendiado por Vasco da Gama; e Talappana, o tuk tuk, representa o anfitrião tradutor que serviu o navegador português. Peças com significados metafóricos.
As peças Kappiri e Miri foram já reparadas, sendo que Talappana vem sendo um caso mais difícil: o restauro decorre desde o passado mês de Novembro. Deverá estar concluído em meados do presente mês. No restauro têm participado alunos da Escola Superior de Belas Artes.
Na liderança do restauro, Francisco Côrte, um jovem artista madeirense recém-graduado pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e que colaborou com Rigo 23 no projecto Coroa do Ilhéu, em Câmara de Lobos.
Segundo o artista, o projecto registou ainda o apoio de Christian Haas, artista e DJ radicado na Califórnia, que foi aluno de Rigo 23 no início dos anos 00, no San Francisco Art Institute.
A peça em questão foi originalmente produzida em Cochim, na Índia, a convite da edição inaugural da Bienal de Kochi-Muziris 2012 — a primeira bienal de arte contemporânea organizada na Índia. Na sua feitura, como habitualmente nas obras de Rigo, participaram pessoas da comunidade local.
Rigo está actualmente a preparar também uma nova obra para a estação do Metro de Beverly Hills, na Califórnia. O trabalho deverá ser inaugurado em 2025.