Os judas de hoje (1): Papa Francisco denuncia os que “vendem” os pais por comodismo e os abandonam em casas de repouso

 

Nesta quarta feira da Semana Santa, vivida de forma peculiar pelo mundo num contexto de pandemia e de isolamento social, o Papa Francisco parte do Evangelho, da traição de Judas, para falar, sem filtros, aos homens de hoje.  De forma clara, critica aqueles que também “vendem” os pais aos lares, por “comodismo”.

 

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Na missa celebrada hoje na capela da Casa de Santa Marta, no Vaticano, o Papa centrou a sua homilia nos Judas de hoje. Inspirado-se no Evangelho de São Mateus, 26, 14-25, em que Judas trai o Mestre, o Papa reflete sobre o drama histórico da venda de pessoas. Colocando de lado a habitual linguagem teórica e teológica da Igreja, que não chega ao cidadão comum e até o afasta mais de Deus, o Papa chamou as coisas pelos nomes, fazendo a crítica pedagógica a quem vende por interesse pessoal.

Quando se fala em vender pessoas, explicou o Papa, lembramo-nos logo do comércio de escravos e pensamos que se trata de uma situação muita antiga. Mas não é bem assim. Di-lo o Papa: “Também hoje se vende gente. Todos os dias há Judas que vendem os irmãos e as irmãs, explorando-os no trabalho, não reconhecendo os seus direitos.”

De uma forma contundente, concreta e nominal, o Sumo Pontífice referiu-se mais uma vez aos idosos abandonados nos lares pelas suas famílias, por egoísmo: “Vende-se hoje, muitas vezes, coisas ainda mais caras. Eu penso que, para ser mais cómodo, um homem é hoje capaz de se distanciar dos pais, não ver os pais, colocá-los num lugar seguro, numa casa de repouso, ou seja, vende. Por sinal, há um ditado popular muito verdadeiro que diz “este é capaz de vender a própria mãe…” É verdade. Para estar tranquilo, distancia-se dos pais e diz “cuidem vós”. Portanto, hoje, o comércio humano, como nos primeiros tempos, se faz”.