Fotos Luís Rocha
O almirante Silva Ribeiro, chefe do Estado Maior-General das Forças Armadas, anunciou hoje no Porto Santo que o exercício SOFEC (Special Operations Forces Exercise Challenge) passará a ser realizado anualmente no arquipélago da Madeira, pelas características ímpares que este território oferece para a realização de provas e exercícios em terra, no mar e no ar, em ambientes anfíbios, de montanha ou operações aéreas com saltos de páraquedas.
O almirante CEMGFA falava no miradouro da Portela, na “Ilha Dourada”, de onde, no âmbito do “Distinguished Visitors Day”, várias personalidades civis e militares, incluindo jornalistas, foram convidados para presenciar uma demonstração de capacidades dos militares das operações especiais envolvidas neste exercício.
As palavras de Silva Ribeiro foram secundadas pessoalmente pouco depois num contacto pessoal do FN com um militar francês, que participa neste exercício como observador, e que se mostrou muito agradado pelo facto de o exercício ter sido tão completo em tantas vertentes, mostrando desde já interesse, se possível, em comparecer com tropas do seu país no SOFEC 2020.
Silva Ribeiro também frisou que em breve será assinado um protocolo entre as Forças Armadas e o Governo Português, tendente a reforçar as grandes linhas de uma cooperação no empenhamento de meios militares em coordenação com meios paramilitares ou civis especializados, como a Polícia, no caso de ameaças significativas à segurança interna, como por exemplo terrorismo. Um tal acordo permitiria definir como as forças de operações especiais do Exército ou da Marinha, por exemplo, poderiam cooperar com operacionais como os GOE (Grupo de Operações Especiais) da Polícia de Segurança Pública ou com outras unidades policiais.
Uma vez firmado o protocolo, que virá suprir uma lacuna de anos, deverão ser realizados exercícios conjuntos, disse Silva Ribeiro, para identificar formas operacionais de agir em colaboração com as forças de segurança.
Aliás, já num “briefing” que tinha antecedido a demonstração, o almirante Silva Ribeiro, acompanhado por Mariano Alves, oficial do Destacamento de Acções Especiais (DAE) da Marinha e comandante operacional do SOFEC, além de comandar a componente de Operações Especiais a nível nacional, tinha enfatizado as crescentes ameaças internacionais de grande complexidade que pendem sobre o mundo moderno, e que exigem também uma outra prontidão. A propósito, salientou as especiais qualidades destas forças, nomeadamente a sua extraordinária preparação, já que são as mais bem treinadas de qualquer exército, destinadas a actuar em pequenos grupos em operações de elevado risco, como resgate de reféns, infiltração e destruição de instalações, e outras missões.
Hoje vários operacionais foram lançados de páraquedas sobre o mar, simulando uma infiltração, enquanto outros procediam ao resgate de um refém importante, desembarcando via helicóptero e extraindo também o dito refém por essa via. Meios marítimos (botes) procediam, por outro lado, à extracção da força destacada num meio que entretanto se tornara demasiado hostil, conduzindo as tropas a navios que, para o efeito, se encontravam próximos da costa, mas que na realidade se encontrariam distantes, no horizonte.
Neste exercício, que englobou múltiplas vertentes, participaram militares portugueses do DAE da Marinha, do GIOE da GNR, das Operações Especiais do Exército, do Núcleo de Operações Tácticas de Projecção da Força Aérea Portuguesa e ainda militares romenos, timorenses, espanhóis e, como observadores, brasileiros e franceses.
Assistiram ao exercício no Porto Santo o representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, o presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, Tranquada Gomes, e o secretário regional da Educação, Jorge Carvalho, entre outras entidades civis.
De entre os militares, destaque para, além dos já citados, o comandante operacional e da Zona Militar da Madeira, general Carlos Perestrelo, e o contra-almirante Dores Aresta, director do exercício.