Juiz Desembargador jubilado contra Acórdão de Neto de Moura quer intervenção do Conselho Superior de Magistratura

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Acórdão do juiz Neto Moura está a ser alvo das maiores polémicas.

O juiz desembargador jubilado Caetano Duarte, antigo presidente da Comissão de Proteção às Vítimas de Crimes tece considerações ao polémico Acórdão do juiz Neto de Moura, que despenaliza um acusado de violência doméstica com o adultério da mulher.

Caetano Duarte refere mesmo que “a fundamentação do acórdão em causa é claramente discriminatória das mulheres ao considerar que “o adultério da mulher é um gravíssimo atentado à honra e dignidade do homem”. E ao afirmar que “o adultério da mulher é uma conduta que a sociedade sempre condenou e condena fortemente e por isso se vê com alguma compreensão a violência exercida pelo homem traído, vexado e humilhado pela mulher” contraria, de forma inequívoca, a legislação portuguesa que, no seguimento das normas internacionais atrás citadas, visa proteger a dignidade da mulher e prevenir e sancionar a sua vitimação. Esta fundamentação é indubitavelmente inconstitucional e violadora da Declaração Universal dos Direitos do Homem”.

No artigo, que a Associação de Apoio à Vítima (APAV) divulga, sublinhando ter autorização do autor, o juiz deixa dois apelos:
– às organizações não governamentais que lutam pela dignidade da mulher e contra a sua vitimação para apoiarem a vítima deste processo em recurso a interpor necessariamente para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem;

– ao Conselho Superior da Magistratura para que, no uso da sua competência disciplinar, aprecie se esta fundamentação usada pelo desembargadores Neto de Moura e Luísa Arantes é compatível com a dignidade indispensável ao exercício das suas funções.”