Ireneu Barreto enalteceu papel dos bombeiros e defendeu melhores condições para a classe

O representante da República, Ireneu Barreto, presidiu ontem à tarde na Praça do Povo, no Funchal, à comemoração da 10ª edição do Dia Nacional do Bombeiro Profissional. Na ocasião, salientou a “honra” e “emoção” subjacentes a essa função, até pelo local onde foi celebrada a cerimónia: “De facto”, referiu, “ao contemplarmos deste local a frente urbana e de serra acima de nós, torna-se inevitável ter presente a ameaça e o flagelo trazidos pelos incêndios do ano passado, fazendo-nos lamentar as vidas e os bens perdidos”.

O dignitário considerou que, “depois de experiências tristemente marcantes como a do ano passado, é imperioso reconhecer o esforço para atenuar as suas consequências trágicas e lembrar a importância da prevenção de novas tragédias”.

Homenageando os bombeiros, lembrou que ao longo de décadas, estes profissionais têm sido sinónimo maior da preservação da floresta portuguesa, bem como da protecção de vidas e bens, “função que desempenham com inexcedível dedicação”, destacou.

“Pelo serviço essencial às vidas dos seus concidadãos, constituem um pilar da nossa sociedade, muitas vezes o último reduto de esperança em situações de desespero e aflição”, deixou claro Ireneu Barreto, aludindo, por outro lado, ao facto de que com meios que ficam sempre aquém das necessidades, os bombeiros ultrapassam não raras vezes os limites da condição humana, pondo em risco a sua própria vida, no cumprimento da sua nobre missão.

“É nosso dever curvarmo-nos sentidamente perante a memória daqueles que, no exercício das suas funções, faleceram e ser solidários com os que sofreram danos físicos ou psíquicos e endereçar às suas famílias um forte abraço de comunhão e apoio”, realçou.

Se, aqui e ali, podem existir falhas organizativas, todos sabemos que estas não se devem a quem, na primeira linha, acode às populações, opinou o representante.

“Na verdade, o sistema no qual os bombeiros se integram é muito complexo, por vezes demasiado complexo, razão pela qual devemos ponderar e pensar toda a sua articulação para que a sua actuação seja ainda mais eficiente”, apelou. “Num país como o nosso, que todos os anos é particularmente fustigado pelos incêndios no período estival, é compreensível que seja justamente nesta altura que os bombeiros captem mais intensamente a nossa atenção. Mas o combate ao fogo não é a sua única missão. Há outros teatros operacionais — como cheias e outras situações de emergência — em que a intervenção dos bombeiros é absolutamente fundamental, como bem sabemos”, salientou.

Além do mais, considerou o representante da República na Madeira, “os bombeiros portugueses têm um relevantíssimo papel social noutros domínios, como o transporte de doentes, o contacto com populações mais isoladas, a promoção da actividade desportiva ou a aproximação das populações aos serviços de saúde”.

Citando o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, frisou que os bombeiros “criam a solidariedade, constroem a justiça, contribuem para a coesão social”. Daí que agradecer-lhes aos nossos bombeiros “significa, por isso, estarmos gratos pela sua prontidão, pelo seu altruísmo, pela sua coragem e pela sua solidariedade”.

Ireneu Barreto considerou ainda que agradecer aos bombeiros portugueses passa igualmente por saber ouvi-los e às suas reivindicações por melhores condições técnicas e operacionais, com impacto directo nas vidas de todos.

No Dia Nacional do Bombeiro Profissional, meditou, “devemos estar disponíveis para reconhecer que esta é uma carreira profissional, cuja componente de risco e de inteira disponibilidade em prol do próximo tem de ser devidamente considerada”.

E concluiu: “Ao fazermos sentir aos nossos bombeiros que a sociedade confia neles, procurando ir ao encontro das suas necessidades, estaremos, também desta forma, a agradecer-lhes, permitindo que todos percebam, no final, que é a estruturante dimensão humana da sociedade que aqui está em causa”.