Apesar dos recentes e trágicos acontecimentos no Monte, a vida continua. Há ainda muitas responsabilidades por apurar. Entretanto, cumpre-nos um comentário relativamente à forma como a Câmara Municipal do Funchal anunciou que a edilidade assumiria as despesas do funeral das vítimas que tiveram o infortúnio de estar no Monte naquele dia e àquela hora. Isto sem tecer juízos de valor. Trata-se de uma solidariedade que pode ter diversas interpretações, na medida em que convém não esquecer que existe um subsídio de funeral para os cidadãos, quando morrem, atribuído pela Segurança Social, no valor de 1.263.98 euros, para que as famílias possam suportar as despesas mínimas de um funeral digno, embora sem flores contabilizadas.
O que a edilidade pode isentar aos cidadãos aos quais prometeu a referida solidariedade nos funerais fica expresso nesta contabilidade, algo mórbida, das despesas que a CMF cobra habitualmente:
TERRA……………………122.36
JAZIGO……………………804.78
CREMAÇÂO……………255.00
JAZIGO GAVETA………3.600.00
Vamos, então, supor que as famílias das treze vítimas queriam que os entes queridos fossem cremados. O valor total seria de 3.315 euros.
Se fossem enterrados, seria de 1580,68 euros. Já se a opção fosse jazigo, o valor suportado pela CMF seria de 10.452 euros. Para tudo isto está incluída capela.
Quando a esmola é muita o pobre desconfia. Quando as pessoas vêem anunciado em parangonas que a edilidade vai ajudar nas cerimónias fúnebres as vitimas do Monte, imaginam uma verba astronómica quando a mesma suportada pela CMF são “tremoços”. Ficamos pelo gesto e pelas boas intenções. Cabe aos leitores tirar as suas conclusões sobre a justeza ou oportunidade desta aparente generosidade.
Entretanto, salientamos que apenas concorremos, com estes dados, para a melhor informação dos cidadãos. Desejamos a paz possível a todas as famílias, e que nessa mesma paz descansem para sempre os seus familiares.