APPI concorda com a redução dos currículos: “Vamos sempre a tempo de mudar”

Alberto Gaspar e Rómulo Neves, os responsáveis da APPI ao nível nacional e na Madeira.

A opinião é do presidente da Associação Portuguesa de Professores de Inglês (APPI) e incide sobre as alterações nos currículos que se perspetivam a partir do próximo ano letivo.

Alberto Gaspar, que esteve na Madeira no passado fim de semana, no âmbito do 13º seminário da APPI na Região, manifestou ao FN a sua concordância em relação às medidas anunciadas recentemente pelo Ministério da Educação e que vão ao encontro do que já acontece nos demais sistemas educativos do mundo ocidental.

“Não vou dizer que pecam por tardias, porque pode parecer cínico, mas defendo que vamos sempre a tempo de mudar”, frisou o presidente da APPI relativamente às alterações que estão em curso e que passam pela flexibilização do currículo, redução de alunos por turma, regresso da Área Projeto e Cidadania, manuais gratuitos do 1º ao 4º anos, entre outras medidas.

De acordo com aquele responsável, as mudanças curriculares preconizadas são imperativas, na medida em que os atuais currículos parecem já não conseguir dar resposta às demandas sociais, económicas e científicas da atualidade.

A equipa organizadora do seminário da APPI na Região.

Desde outubro, a APPI, em parceria com outras estruturas profissionais ligadas ao ensino e demais sociedades científicas, tem vindo a analisar a questão do reajustamento curricular. Um trabalho desencadeado a convite da Secretaria de Estado da Educação e que se centra em duas vertentes: “emagrecer” os atuais currículos e definir as chamadas aprendizagens essenciais a constar do currículo do século XXI, em linha com as exigências e competitividade da sociedade atual.

O secretário de Estado da Educação já fez saber que os currículos das disciplinas serão reduzidos ao “essencial”, uma vez que as atuais metas de aprendizagem e os programas das disciplinas “são extensos e não são atingíveis”.

Do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido, Alberto Gaspar destaca a total unanimidade entre os parceiros quanto a esta medida. “Em todas as disciplinas considera-se que os currículos estão obesos. A palavra não é nossa, é do próprio secretário de Estado da Educação”, sublinha.

Adianta que um dos maiores desafios encontrados até ao momento tem sido harmonizar o essencial das aprendizagens com as competências do aluno do século XXI (saber comunicar, saber trabalhar em cooperação e ser capaz de aplicar o pensamento crítico e criativo), numa perspetiva global.

Também complexa, explica Alberto Gaspar, é a tarefa de encontrar afinidades entre as várias disciplinas, mantendo não só o que é essencial mas também o que é transdisciplinar, “aquilo que interessa a todas as áreas independentemente da sua natureza”.

Neste momento, foi já publicado e está em discussão pública o perfil do aluno à saída do ensino secundário. Seguem-se, nas próximas semanas, novos encontros para afinar os textos que definem as tais aprendizagens essenciais.

Seminário motiva a “fazer diferente”

Perspetiva do último dia de formação.

O 13º seminário da APPI na Madeira reuniu durante dois dias cerca de 60 docentes. Mais de 50 assistiram a todas as sessões, o que motiva Alberto Gaspar a fazer um balanço muito positivo quanto à participação neste encontro.

“ELT: Do something different” foi o tema proposto para edição deste ano, num total de vinte conferências e workshops que estiveram ao dispor dos participantes.

Sendo o tema abrangente, treze personalidades nacionais e estrangeiras das áreas científico-pedagógica apresentaram as suas ideias e estratégias no sentido de tornar as aulas de inglês mais envolventes e motivadoras para os alunos dos vários níveis de ensino básico e secundário, permitindo aos docentes uma oportunidade única de desenvolvimento profissional, de partilha de experiências e de atualização de práticas e conhecimentos, de acordo com as mais recentes linhas de investigação e da pedagogia.

“Do feedback informal que tivemos dos oradores a reação foi muito positiva”, frisou Alberto Gaspar. “Penso que fomos ao encontro de algumas ansiedades e interrogações que estes profissionais manifestaram”.

A pausa para o chá e scones fez parte do encontro de professores de Inglês.

Fazer diferente e arriscar na mudança foi a ideia subjacente aos dois dias de formação, com ênfase em determinadas temáticas, entre elas, as potencialidades dos recursos digitais, as metas e o quadro europeu comum de referência para as línguas, o impacto do comportamento e da inteligência espiritual nas aprendizagens, bem como a aplicação de projetos colaborativos na promoção de uma consciência cívica.

Esta atividade formativa teve uma vez mais como objetivo tornar as aulas de língua inglesa espaços de partilha, reflexão crítica, de comunicação e criatividade, de maneira a dotar os alunos de ferramentas e competências adequadas aos desafios do futuro.

O seminário teve lugar na Escola Básica dos 2º e 3º ciclos Dr. Horácio Bento de Gouveia, durante a tarde de sexta feira e o dia de sábado, sendo reconhecido pelo Conselho Científico-Pedagógico de Formação Contínua como relevante para efeitos de progressão na carreira dos docentes dos grupos de recrutamento 120, 220 e 330.