Fins-de-semana potencialmente estragados para José Manuel Coelho em sentença sui generis

screenshot_2017-02-03-08-26-09.pngQuem seguiu os últimos desenvolvimentos dos processos em tribunal do polémico deputado José Manuel Coelho, sabe que é esta a negra perspectiva que o mesmo enfrenta, caso o Supremo Tribunal, para o qual agora recorre, não lhe dê razão: passar 72 fins-de-semana na cadeia, para cumprir uma pena de alegada difamação ao advogado Garcia Pereira (ver foto rasgada no chão, no cartoon de Helder)…

Quem seguiu os percursos políticos de José Manuel Coelho e de Garcia Pereira, não pode deixar achar caricata, se não risível, a sentença exarada neste processo. Principalmente pelo requinte de malvadez, já abordado em anterior Crónica Urbana de Rui Marote, de estragar ao condenado nada mais do que 72 fins-de-semana consecutivos, qual alferes de má memória que, em tempos, rasgava as licenças dos recrutas na parada do quartel numa demonstração de sádico sentido de humor.

Estas coisas de liberdade de expressão e de difmação têm muito que se lhes diga. Bem como as notáveis decisões dos nossos bem-amados e exemplares tribunais. É que temos visto acusações muito piores a adversários políticos do que os mimos que Coelho dirigiu a Garcia Pereira na campanha presidencial (ainda por cima em sublime tom de gozo) e nunca se viu os responsáveis por tais inflamadas diatribes, entre os quais um hoje relegado para um posto de ultra-retaguarda ali para a Rua do Quebra-Costas, alguma vez ter um fim-de-semana estragado.  Por cá, inclusive em alguma imprensa regional, também medraram durante longo tempo os maldizentes impenitentes, e alguém viu a Justiça estragar-lhes um fim-de-semana que fosse? Cá nada!

Claro que para ser-se Coelho e ter-se direito aos holofotes da nação sobre cada desvairado acto, por vezes justificado, por vezes excessivo, é preciso estar-se disposto a pagar um preço, admitimo-lo. Não é qualquer um que nasce imbuído dos talentos para o espectáculo deste parlamentar fora do comum, que até já tentou pagar as dívidas com a roupa, a começar pelas calças, desnudando-se na ALRAM. E aí está a paga da imparcial justiça: o “difamador” arrisca-se a passar os “weekends” na Cancela, como se de escapadinha se tratasse, mas sem grandes entretenimentos, julgamos, para além de marcar nas paredes, qual Robinson Crusoe, através de riscos e traços, a lenta passagem do tempo, até se escoarem osinfindáveis 72 fins-de-semana arruinados. Mas mesmo assim e apesar da “seca” que isto pode vir a representar ao deputado, ainda alvitramos que quem não deverá estar muito feliz com esta potencial sentença (Coelho ainda vai recorrer para o Supremo) é o director da cadeia. É que sabe-se lá o que é que o deputado-condenado poderá aprontar no Estabelecimento Prisional… Às tantas ainda organiza uma paralisação geral dos insatisfeitos guardas-prisionais, que já não podem esperar para ver a liderança do estabelecimento de alta segurança pelas costas…