Sá, ascensão e queda de um império

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Representantes da ECM e do grupo Sá provam a cerveja Sá: “sem limites”.

Rui Marote (texto e fotos)

Não se trata das quedas dos impérios romano, bizantino, otomano ou persa. Trata-se, isso sim, do grande império de um industrial na Região Autónoma da Madeira, que desafiou o ‘rectângulo’ no ramo da indústria alimentar.

Foram cinquenta anos de sucesso. O império germinou a partir de duas lojas de café numa das ruas mais emblemáticas do Funchal, a Fernão de Ornelas, sempre com um denominador comum: nada de gastos supérfluos.  Acabou para avançar para a construção de edifícios de raiz para supermercados no Funchal, Câmara de Lobos, Ribeira Brava, Santana, Caniço, Camacha e Machico. Mas, passados anos, o que aconteceu com o último foi um tremor de terra que deu a entender que muitas mais réplicas do terramoto aí vinham.

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O comendador Jorge Sá construiu paulatinamente a sua marca. Quem não se lembra do ‘Diamante Negro’, do slogan ‘Olho no Preço’… Mas não ficaria por aqui: esteve ligado à hotelaria, com a aquisição de dois hotéis nos Açores, mais precisamente em São Miguel: o Monte Palace e o Baía Palace, um ramo que não dominava mas no qual se aventurou.

Chegou a ter 1500 trabalhadores e investiu no ramo do imobiliário. Dono dos maioria dos edifício da Rua Fernão Ornelas, adquiriu lojas de loiças, ourivesarias, comprou o edifício da Insular de Moinhos e torna-se dono do Bazar do Povo, além de mini-supermercados espalhados por toda a área do Funchal. E ainda assim não esmorece: abre representação em Lisboa, no Campo Pequeno. No arroz e no bacalhau deu cartas, até ao nível nacional. Tinha panificação própria, e fábrica de torrefacção de café. Chegou a sonhar expandir-se para os países africanos (PALOPs). Foi ainda parceiro da Empresa de Cervejas da Madeira e lançou no mercado a cerveja Sá. Aqui surge um dos primeiros processos interpostos pela ECM, que resultou numa dívida em nome pessoal da ordem do milhão e meio de euros.

Jorge de Sá dizia, no entanto, que conseguia viver sem a Coral e a ECM. Hoje recordamos uma imagem bem elucidativa, na qual o Grupo Sá confraterniza com os responsáveis da ECM. Recorde-se a cerveja Sá, ‘sem álcool, sem limites’. Pois, o homem sonha e constrói o seu destino… e este às vezes troca-lhe as voltas. Hoje o Grupo Sá é uma sombra do que já foi e do peso e representatividade que teve na economia da RAM.