Herbicida glifosato associado a doenças cancerígenas é o mais usado em Portugal

Foto: noticiasddozerzere
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**O glifosato é um herbicida que é atualmente o mais usado em Portugal e está debaixo de fogo, com a imprensa nacional a alertar para o perigo que esta substância representa para a saúde pública.

O glifosato, produzido por empresas como a Monsanto ou a Bayer, entrou no ano passado na lista das substâncias “potencialmente cancerígenas” da Organização Mundial de Saúde e, uma vez que a licença da sua comercialização na União Europeia expira a 30 de junho, vários movimentos ambientalistas internacionais têm feito pressão para que seja banido de vez, refere a Visão.

A Quercus vem alertando para os “vários estudos que o relacionam com o desenvolvimento de linfoma não Hodgkin (um tipo de cancro), hipertiroidismo e malformações nos fetos”, assim como as “repercussões a nível ambiental”, uma vez que “a sua degradação é muito lenta”, segundo a mesma revista.

A Agência Europeia para a Segurança Alimentar juntou mais dados ao debate, defendendo que o potencial carcinogénico deste herbicida não está ligado ao glifosato mas a um coformulante (taloamina), usado em vários produtos fitofarmacêuticos.

O debate segue aceso pela Europa e alguns países avançaram já com restrições ao seu uso, sem quererem ficar dependentes de uma posição concertada da UE. Em França, por exemplo, foram proibidos, neste mês, todos os herbicidas que juntam precisamente o glifosato e a taloamina.

Com tanta polémica, a Comissão Europeia, que se propunha renovar a licença de comercialização do glifosato até 2031, acabou por dar ouvidos ao comité de especialistas de todos os países-membros que analisou o assunto e propõe diminuir o prazo de licenciamento e criar condicionamentos ao seu uso.

No início deste mês o Parlamento Europeu votou pela autorização deste herbicida na agricultura por mais sete anos mas quer ver o seu uso proibido, desde já, em todos os espaços públicos urbanos. A 18 e 19 de maio haverá nova reunião do comité de peritos e a decisão final competirá à Comissão Europeia, que anunciará a sua posição em junho, depois de ouvidos todos os ministros da agricultura dos países-membros.

Em Portugal,  no dia 15 de abril, foram a votação no Parlamento três projetos do PAN, Bloco de Esquerda e Os Verdes, recomendando a proibição do glifosato no nosso país e a oposição do governo à renovação da sua licença na União Europeia. Mas acabaram derrotados pelos votos contra do PSD, CDS e a abstenção do PS e PCP. O governo manifestou já a intenção de aprovar a comercialização do herbicida por mais alguns anos.

A Visão avança ainda que, numa sondagem revelada pelo jornal britânico The Guardian, dois terços dos alemães, britânicos, italianos e franceses querem ver banido o glifosato do mercado europeu.

Por sua vez, ontem à noite, sexta-feira, no Telejornal da RTP 1, foram revelados os resultados de uma investigação que indica que os portugueses têm um nível elevado de herbicida cancerígeno no sangue.

Um estudo realizado com 26 voluntários portugueses, das regiões Norte e Centro do País, detetou a presença do herbicida Glifosato – considerado “potencialmente cancerígeno” – em todos os casos, sendo que a concentração média de 26,2 mg/l por pessoa é cerca de “vinte vezes superior” às que são encontradas, por exemplo, em cidadãos suíços e alemães.

Na Madeira, o PCP  pretende que a utilização de pesticidas seja regulamentada na região, dando entrada a um projeto de resolução para criar um plano regional de prevenção e controlo dos efeitos do uso destas substâncias, na tarde de 26 de Abril, na Assembleia Legislativa da Madeira. Sílvia Vasconcelos salienta que «na nossa Região estima-se que o herbicida glifosato seja usado, por área, acima daquilo que é recomendado, e que é usado no Continente, por particulares e entidades públicas»