Uso de parasitóides nos castanheiros preocupa mas Secretaria diz que não há alternativa

 

 

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A aplicação de parasitóides no combate às pragas dos castanheiros está a suscitar apreensão junto de alguns técnicos defensores da agricultura biológica. Estes profissionais consideram que o recurso a este químico é nocivo e implica um retrocesso no que têm vindo a defender ao nível da defesa da agricultura, sem recurso a químicos, conforme orientações até europeias.

O FN questionou a Secretaria Regional da Agricultura e Pescas sobre esta intervenção e a mesma esclarece que é a “única alteranativa”, neste momento. As largadas de parasitóides são aplicadas por 28 municípios portugueses, sem dramatismo.

O FN reproduz, na íntegra, a resposta da tutela, remetida pela assesoria de imprensa.

“Será importante referir que a vespa das galhas do castanheiro Dryocosmus Kuriphilus Yasumatsu, foi detetada em Portugal Continental e na Madeira em junho de 2014.

Esta praga é um inseto que ataca vegetais do género Castanea, induzindo a formação de galhas nos gomos e folhas, provocando a redução do crescimento dos ramos e a frutificação, podendo diminuir drasticamente a produção e a qualidade da castanha e conduzir ao declínio dos castanheiros.

O inseto Dryocosmus kuriphilus é originário da China tendo iniciado a sua dispersão mundial, primeiro na Ásia (Japão, Coreia e Nepal) e, posteriormente, na América do Norte (Estados Unidos da América) e na Europa, com a primeira deteção referenciada em Itália em 2002 e posteriormente em França, Eslovénia, República Checa, Hungria, Croácia , Espanha (Catalunha, Andaluzia e Castela-Leão) e mais recentemente, como já referido, em Portugal Continental e Madeira  (junho/2014) e na Alemanha.

Nestes países não existe qualquer produto fitofármaco eficiente para o seu controlo. A única solução é recorrer ao controlo biológico, através de largadas de um parasitóide (Torymus sinensis) , que é um organismo que parasita a praga não a deixando chegar à fase adulta de reprodução. Trata-se de um processo lento, de médio-longo prazo, sendo até ao momento a única solução que os países produtores com esta problemática têm em execução, e até à data não foi comunicado o conhecimento de qualquer problema ambiental.

A Secretaria Regional de Agricultura e Pescas, através da Direção Regional de Agricultura, faz parte do grupo de trabalho a nível nacional, que está a aplicar um Plano Nacional de Controlo específico para esta praga  (http://www.drapn.min-agricultura.pt/drapn/PLANO_A%C3%A7%C3%A3o-dryocosmusFinal.pdf), sob a tutela da autoridade nacional em matéria fitossanitária, a Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), com a participação da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Instituto Politécnico de Bragança, Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos, RefCast- Associação Portuguesa da Castanha e outras instituições de investigação. No ano passado já foram testadas em Portugal continental largadas do parasitóide em causa, e este ano será substancialmente amplificado o seu lançamento, envolvendo, nada mais nada menos do que 28 municípios nacionais, onde a produção de castanha assume maior significado(…) E certamente o fizeram, pelas seguintes principais razões:

  1. a) A castanha é um importante fator contribuinte de coesão territorial, constituindo-se como a atividade económica fundamental na maioria das regiões onde é produzida.
  2. b) A Castanha Portuguesa é considerada um produto de excelência a nível mundial.
  3. c) A produção Portuguesa de castanha está estimada pela RefCast em cerca de 47500 t/ano (na RAM, em 2015, a produção foi de 94 toneladas, com um valor ao produtor de 212.000,00 € ), fazendo de Portugal um dos maiores produtores europeus e mundiais de castanha.
  4. d) Portugal é forte exportador de castanha, tendo em 2014 exportado no valor de cerca de 57 M €, segundo dados do INE.
  5. e) O castanheiro possui um papel preponderante na conservação dos sistemas agroflorestais.
  6. f) A colaboração de todos os agentes da fileira é imprescindível para combater esta praga.
  7. g) Os Municípios são um elo fundamental na promoção desenvolvimento regional e defesa das suas populações.

Assim, a única alternativa atual, é recorrer às largadas do parasitóide proveniente de Itália (ainda não é multiplicado em Portugal), de forma a conseguir-se um equilíbrio a médio-longo prazo (3 a 5 anos).

Concluindo: até ao momento não há conhecimento técnico-científico que o parasitóide parasite outra fauna auxiliar com o consequente desequilíbrio da fauna local, pelo que os agricultores não terão razão para se preocupar, antes sim deverem estar muito satisfeitos e reconhecidos de que o Governo Regional está a adotar, e em tempo, a melhor solução conhecida a nível mundial para a minimização dos efeitos desta perniciosa praga”.