Embora a propaganda governamental e o Presidente da República continuem a manipular e a enganar os portugueses afirmando que a recessão está debelada e «o pior já passou», o certo é que sentindo aproximar-se a derrota nas próximas eleições legislativas, essa gente que arruína Portugal acelerou uma política e uma prática de factos consumados, em que se destaca a continuação da austeridade com o seu caudal de estagnação e empobrecimento, e as ruinosas vendas ao desbarato do património de todos nós, que são geradoras de ainda maior agravamento da dependência nacional.
Desorganizam o Serviço Nacional de Saúde, degradam a escola pública, atacam a Autonomia do Poder Local e Regional, destroem e desorganizam o nosso aparelho produtivo, não propiciam verbas e as condições técnicas para o MP investigar os crimes de corrupção e de «colarinho branco», e condenam ao desemprego e à emigração forçada mais de um quarto dos portugueses.
Acresce que prosseguem a nociva e perniciosa subordinação do poder político ao poder económico, e apesar da conjuntura externa favorável, não se vislumbra o relançamento sustentado da economia, nem qualquer tentativa coerente de inversão da mais brutal regressão social acontecida em Portugal desde a queda do regime fascista.
E é gravíssima a galopante dependência estrutural e a submissão da economia nacional à ganancia dos monopólios e das transnacionais. Para provar que não exageramos, basta lembrar que a grande maioria do capital das empresas estratégicas como a EDP, a PT, a GALP, a REN, a BRISA, o BCP, os CTT, a ANA, a CIMPOR, e agora a TAP, estão na mão dos interesses estrangeiros; tudo isso em prejuízo dos reais interesses de Portugal, potenciando entre outros fatores nefastos, a perda de enorme receita, e a saída de volumosas quantias do Pais.
E sem explanar as criminosas e corruptas PPP que saqueiam milhares de milhões de euros, lembramos ainda que o bando de malfeitores lesa-Pátria avança planos de entrega ao grande capital de empresas públicas na área do ambiente, nomeadamente a ECF, enquanto preparam a fusão dos sistemas multimunicipais da água e do saneamento básico, para também os abrir à ganância do capital privado.
A agravar todo este panorama de desastre nacional, os partidos ditos do Arco da Governação, ou seja o PSD, o CDS e o PS, empenhando-se em manobras de camuflagem para tentar dizer que são diferentes uns dos outros, apenas apresentam como alternativa ligeiras medidas paliativas ou alterações marginais, enquanto no essencial as suas promessas eleitorais e a sua prática assenta nas mesmas premissas de austeridade e de subordinação à troika estrangeira, que tal como aconteceu com a humilhada Grécia, estiveram e estão na origem do garrote e do esmagamento dos direitos e rendimentos dos trabalhadores, da classe média e dos idosos e reformados.
Face a tudo isto impõe-se levar avante uma ampla rutura com esta política da direita neoliberal e incrementar a construção duma alternativa patriótica, progressista e de esquerda, acompanhada pelo constante combate à corrupção e à vergonhosa promiscuidade entre o exercício de cargos públicos e cargos privados, aprofundando a permanente proximidade da governação aos problema concretos das populações, afim de melhor os conhecer, deliberar, e resolver Para tanto, interessa em primeiro lugar ampliar a unidade e a convergência dos patriotas, dos progressistas, e de todas as forças sinceramente empenhadas na construção duma real política alternativa.
Depois, há que promover um programa e uma política que conduza Portugal a um desenvolvimento livre e soberano, e à opção pela intransigente defesa dos direitos dos trabalhadores, da classe média, e de todo o povo português, realizando os princípios e os valores da defesa da independência nacional e da Constituição de Abril.
Um programa e uma política que leve avante a rutura com o grande capital monopolista e financeiro, e com a cega e covarde submissão a esta União Europeia e aos seus instrumentos de dominação, imprescindível para a afirmação dum Portugal com futuro.
Uma inadiável política de rutura com as práticas da direita neoliberal, e que abra caminho à construção de uma política realmente alternativa, patriótica, progressista e de esquerda, indispensável para assegurar ao nosso País a libertação deste bando de governantes ajoelhados, dependentes e submissos, e capaz de devolver aos trabalhadores, â classe média, e a todo o nosso povo os seus direitos, salários, reformas e rendimentos.
Uma política que assuma como uma das suas principais prioridades o desenvolvimento do sector produtivo da economia, com a criação dum estatuto específico para a agricultura familiar; a garantia de custos bonificados nos combustíveis de todos os segmentos da frota pesqueira; a reversão da Taxa do IVA para 6% na eletricidade e no gaz natural, bem como a redução da taxa do IVA na restauração para 13%; e ainda a eliminação do pagamento especial por conta a prestar pelas micro, pequenas e médias empresas.
E como a monstruosa dívida pública que não para de crescer é impagável e gera juros superiores aos da própria Grécia, há que reivindicar a sua renegociação, e ao mesmo tempo estudar como alternativa à possível intransigência da Alemanha e quejandos, a possibilidade de Portugal recuperar a perdida soberania monetária, que possibilite a execução duma política de crescimento económico e pleno emprego, facto que apesar de nos dois ou três primeiros anos acarretar alguns custos e sacrifícios, estes serão bem menores do que os causados pela austeridade e empobrecimento perpétuo a que nos querem condenar a nós e aos nossos filhos e netos.