*Com Lília Castanha
Entre 1961 e 1974 viveu-se um dos períodos mais tensos e conturbados da história portuguesa nos quais Portugal afundou-se na Guerra Colonial ou do Ultramar. Foram 13 anos de sofrimento, inquietação e morte que atingiram quase todas as famílias portuguesas cujas sequelas perduram até hoje.
Uma história que lembra essa época foi a que enviaram para o Funchal Notícias, pedindo ajuda para encontrar o paradeiro de um familiar cujos laços se perderam devido às vicissitudes da vida e da guerra colonial. Seguem a foto e o texto recebidos.

“Manuel Vieira Barcelos, natural de Machico e Felisbela Velosa, natural de São Roque, casaram em Stª Maria Maior, Funchal, Ilha da Madeira a 31 de Julho de 1955. Este casal teve 8 filhos, sendo o mais novo, o Tomás Vieira Barcelos (a criança ao colo da mãe) que nasceu a 22 de Setembro de 1971 em Stª Luzia, Funchal. O pai desta família, o Sr. Manuel Vieira Barcelos, emigrou para Moçambique e foi trabalhar para as fazendas do norte do país em 1971.
Posteriormente, mandou chamar a sua família e assim, a mãe Felisbela com os 8 filhos partiram para Moçambique de barco, no Navio Império e depois de 28 dias juntaram-se ao pai. Infelizmente, pouco tempo depois da chegada desta família, a mãe ficou muito doente, tendo que ser assistida para ser operada num hospital de Nampula onde veio a falecer. O sr. Manuel, sozinho e com 8 filhos para criar, decidiu entregar os seus 4 filhos mais novos aos cuidados de dois orfanatos daquela cidade (Nampula), cidade onde passaram a residir depois do falecimento da mãe. O Tomás e o Paulo ficaram em um orfanato que provavelmente seria do estado, que ficava situado atrás do antigo bairro do Benfica e a Ana mais a Cecília foram entregues aos cuidados de um orfanato de Freiras Católicas. Passados mais ou menos 3 a 4 anos, segundo o Sr. Joel, um casal famoso vindos da África do Sul, ele natural daquele país e a esposa de nacionalidade Portuguesa, vieram visitar Nampula. Os jornais daquela cidade publicaram a visita daquele ilustre casal. O Sr. Joel não sabe se ele seria um fazendeiro ou dono de alguma Mina, mas este casal famoso visitou o orfanato onde o Tomás e seu irmão Paulo se encontravam. Na visita, o casal encantou-se com o Tomás e com o consentimento do pai, Tomás foi dado em adopção. O Sr. Joel lembra-se de ir com o seu pai despedir-se de seu irmão, que partiu com este casal para a África do Sul e que estava muito bem vestido com um fatinho de marinheiro de cor azul. Isto teria acontecido entre 1975 a 1976. Nesta altura, a criança teria entre 4 a 5 anos. O pai ficou com o nome e contacto do casal, mas com a guerra colonial, toda a família, incluindo as outras crianças que ainda estavam nos orfanatos, voltaram precipitadamente para a Ilha da Madeira, Portugal em 1977, deixando tudo para atrás, inclusive os dados do casal a quem tinham entregue o Tomás, pois foi não autorizado trazer qualquer tipo de bens ou documentos. Pouco tempo depois, o pai desta família também faleceu, ficando os outros 7 filhos órfãos de pai e mãe. Após 40 anos, o Sr. Joel contou-nos que um dos seus grandes desejos, era saber do Tomás e voltar a vê-lo. Ajudem-nos a encontra-lo! Quem sabe se todos partilharem esta história, com estes poucos dados, poderemos saber onde estará o Tomás. Partilhe este post, por favor, especialmente quem tem amigos e familiares que vivem na África do Sul. Não sabemos se ele estará nesse País, mas é o nosso ponto de referência. Muito Obrigada. Joel Vieira Barcelos. É o irmão de Tomás.”