
*Com Lília Castanha
A blogger Gabriela Relvas, autora da vídeo-reportagem sobre a Madeira “O Paraíso é aqui” adorou a Madeira e parece que o sentimento foi mútuo, contando com o número crescente de visualizações que o vídeo está a ter nas redes sociais por parte dos madeirenses e não só.
Gabriela, no seu blog “A Vida em Play” caracteriza a Madeira duma maneira muito própria. Seguem-se algumas frases da sua autoria:
“A Madeira é uma mulher alta, briosa. Tem génio, sotaque e um sabor único. Cozinha-te pratos fantásticos. E oferece-te a entrada para o mar de mão beijada, sem levares os pés de areia para casa.Sempre que olhares para ela, vai te apetecer dizer o quanto ela é bonita. É que a vista é mesmo de outro mundo!”
” Montanhosa e senhora de si. Asseada. Resolvida. Orgulhosa. Sem “não me toques”. Clara. Soubeste ser isto tudo de forma simples.”
“A bananeira está para os madeirenses como as rosas estão para os continentais. Acho maravilhoso! Eles são assim. Fáceis. Desenrascados. Matriarcas do espaço. O que era estranho entranha-se e o que era custoso virou ridículo de fácil. Assim são as subidas e descidas a pé. Mas esperem! São dados ao desporto! Vêm-se amantes da corrida a toda a hora. Sobe e desce. Sobe e desce. Sobe e desce. Esperem, sobe outra vez. Amanhã há mais. E para eles o depois e o depois do amanhã. Enquanto a roupa seca prepara-se o jogging de amanhã. E no caminho pinceladas de flores, vasos e vasinhos. Porque a vista quer-se boa.”
O Funchal Notícias quis conhecer a autora de tais linhas e do vídeo que divulga a Madeira numa perspetiva diferente do usual, e contatou a Gabriela que gentilmente acedeu em falar um pouco sobre si e do seu trabalho.

Funchal Notícias – Como nasceu a ideia de visitar a Madeira e fazer uma vídeo-reportagem sobre a ilha?
Gabriela Relvas – A Madeira aconteceu agora mesmo, em férias. Mal aterrei percebi que tinha ali um paraíso aos meus pés. É que é mesmo diferente em tudo! E então decidi, era interessante fazer uma vídeo-reportagem, tenho que partilhar isto com alguém, não posso guardar só para mim! Aconteceu.
FN – Como explica o sucesso que o seu vídeo sobre a Madeira está a ter nas redes sociais?
GR – O vídeo, tal como o texto, os dois, foram honestos. Olhei e escrevi com o coração. Talvez seja isso… não sei. Quero muito voltar, ficou muito por ver ainda.
FN – Como surgiu “A Vida em Play”?
GR – A Vida em Play, surge de mim com muita força. E surge de mim com o que me acontece. E o que é que me acontece? Um Portugal maravilhoso, mas pequenino para tantos e tantos na minha área. Então o que é eu que eu podia fazer com toda esta minha ânsia de contar histórias. Com este meu eu criativo com vontade de escrever e fazer coisas, reportar. Pintar a informação de outra forma (a informação está leviana e eu não gosto). Iria esquecer tudo isto porque não sei como ter um lugar “lá onde todos os outros se mostram”? Não. Peguei no que me aconteceu e escrevi, comecei por me apresentar perante a minha câmara e escrevi outra vez. Cheguei a casa e eu mesma editei as imagens (“armada” eu autodidata). E não é que senti uma coisa estranhamente boa! Gostei do resultado. Se calhar é este o meu caminho, talvez consiga caminhar sozinha. Não é perfeito não. Mas não tenho intenções de o ser de maneira nenhuma.
FN – O que é a “Vida em Play”?
GR – A Vida Em Play é portanto um espaço onde pretendo que as pessoas sintam as palavras e as imagens de outra forma. Quero que as sintam mesmo. Ler por exemplo comentários de madeirenses a dizer que choraram com o meu artigo, faz-me muito, mas muito feliz. E o melhor de tudo, é tudo verdade. Nada do que venho contando não é sentido. Sabem, não acredito que as coisas pouco sentidas cheguem a lugar a algum. Tenho ido, assim, sem orçamento, sem almoços e jantares pagos, ou viagens. Por minha conta e risco. A apostar no meu sonho. Este é o meu investimento. Vamos ver o que vem a seguir.
FN – Durante a sua licenciatura em Comunicação participou no programa Erasmus na Holanda. Que recordações tem desse país e como o encara comparativamente a Portugal?
GR – Tenho as melhores recordações, já faz uns anos, 2005. Hoje com mais uns aninhos grandes vejo as coisas de outra forma. Foi um período de aprendizagem enorme, também porque nunca tinha feito antes uma viagem para ficar, ali, sozinha. Tenho a recordação de um lugar muito organizado, muito verde também (foi em Groningen), frio, mas com o calor nas casas e o chocolate quente na mesa. Mas Portugal tem esta coisa de ser versátil que eu adoro. Temos frio e calor. Temos a serra e a praia e um céu que muda de cores. Eu adorei (adorei mesmo) a Holanda, mas prefiro um céu mais azul, alaranjado no fim de tarde e às vezes até rosa.
Citando novamente a Gabriela: ” Põe Play na vida.”