O escândalo que abalou a Igreja na Madeira

Uma imagem de má memória para o clero madeirense.
Uma imagem de má memória para o clero madeirense.

A foto foi tirada ainda em tempo de bonança, na década de 90: o então Bispo do Funchal, D. Teodoro Faria, procedia à benção de uma central digital, em Santa Clara, na presença do seu secretário particular, padre Frederico da Cunha. Ninguém imaginaria que meses depois, caía “o Carmo e a Trindade” que abalaria profundamente a Igreja na Madeira, nomeadamente os protagonistas da foto.

Sucedem-se as investigações da Polícia Judiciária: o padre Frederico da Cunha era suspeito de abuso sexual de menores e de ter assassinado o jovem Luís Miguel, de 15 anos de idade, no Caniçal. Uma verdadeira hecatombe que mancharia o clero madeirense. Uma nódoa que o tempo dificilmente apaga. Os holofotes mediáticos incidiram sobre a Madeira. O Bispo D. Teodoro sai em defesa do seu secretário particular, chegando mesmo a compará-lo a Jesus Cristo, também condenado pelos Judeus, apesar da sua inocência. Foi a gota de água de um copo que há muito transbordava. A indignação era geral. D. Teodoro Faria, quando os acontecimentos estavam ao rubro, assinaria a sua sentença de condenação junto dos madeirenses.

10 de março de 1993: um tribunal de júri condenava o padre Frederico da Cunha a 13 anos de prisão pelo crime de homicídio do menor, pelo abuso sexual do menor e pena de expulsão de Portugal. O padre começou a cumprir pena de prisão mas aproveitou uma saída precária e contou com uma ajuda providencial para fugir para o Brasil, onde se refugia ainda hoje, considerando-se naturalmente inocente.

Uma década após a condenação, eis que o então Bispo D. Teodoro Faria, reconhecia as práticas pedófilas do seu antigo secretário particular, que trouxe de Roma para o Paço Episcopal.

Obviamente que as imagens e os factos falam por si. O FN recorda-os para memória futura. A Deus e só a Deus compete julgar a conduta dos homens na terra.

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