A Comissão Coordenadora da Iniciativa Liberal veio considerar mais uma vez que a situação do cultivo da anoneira “roça a catástrofe”. Raimundo Quintal sugeriu mesmo que ao invés de se fazer e promover a Festa da Anona, se devia fazer o Funeral da Anoneira, refere o partido.
“Uma praga de cochonilha, em especial a designada por cochonilha algodão, é a responsável pela dramática situação no sector da anona. Visitámos a XXXII.ª Exposição Regional da Anona no Faial e falámos com alguns agricultores sobre estas pragas”, dá conta a IL.
“Há vários anos que isto persiste e não há Plano Estratégico que salve as árvores e permita aos produtores tirar rendimento do que cultivam. Estamos perante um problema fitossanitário que resulta do abandono de muitos produtores que não vêm nesta actividade qualquer saída. Mais, há pomares que foram criados com fundos comunitários que estão votados ao abandono. A cereja no topo do bolo é a enorme dificuldade que os produtores têm em colocar o seu produto no mercado. As ajudas têm sido poucas ou inexistentes da parte das entidades competentes. Principalmente numa altura em que os pesticidas de uso agrícola aumentaram significativamente de preço. Muitos produtores não têm projectos agrícolas, são pequenos produtores. Não têm condições financeiras para adquirir e aplicar estes produtos. Na Festa da Anona oferecem os seus melhores frutos para a exposição (que supostamente depois são doados a instituições de caridade) e recebem, muitas das vezes, em troca, um pacote de raticida”, refere a IL.
“São inúmeros os terrenos abandonados pejados de anoneiras infestadas, o que comprova um problema profundo de abandono das zonas rurais, agravado por não haver qualquer incentivo às pequenas produções e a não haver liberdade de poderem vender os seus produtos como bem entenderem, como for melhor para o seu próprio desenvolvimento e crescimento. Ser pequeno agricultor, por muito que se goste, representa um grande desgaste físico e, muito provavelmente, o ganho não superará as despesas e as perdas, o que faz com que seja quase impossível manter as anoneiras saudáveis, por muito que sejam tratadas e cuidadas, pois os terrenos ao redor estão abandonados e infestados”, refere o partido.
“Será que nos apetece comer um fruto que pode não ter conchonilha, mas que levou toneladas de fitofarmacêuticos potencialmente cancerígenos? O uso de sabão insecticida implica uma aplicação regular e basta uma falha para as anoneiras ficarem de novo infestadas… O problema está muito além de ser só um problema fitossanitário. Tem a ver com o modo como se olha para este sector”, sentencia a Iniciativa Liberal.
“Apesar do tratamento das anoneiras indicado pela Secretaria da Agricultura ser o correcto, só isso não chega. É uma solução teórica a que faz falta a prática. semelhança do que se faz onde a Agricultura é tratada a sério, devem ser constituídas pequenas equipas, para ajudar no terreno os produtores, coordenadas por um engenheiro agrónomo, conhecedor de fruteiras subtropicais, e por operários especializados na poda de arejamento e fomento da floração, bem como dos tratamentos fitossanitários de prevenção e de recuperação das árvores infectadas”.
“Cada equipa deve ter a responsabilidade de apoiar um determinado número de produtores, numa área geográfica bem definida e com um calendário anual de visitas de trabalho.Paralelamente, é importante multiplicar/agilizar os cursos de formação dos produtores, com sessões teóricas através da televisão/internet e de ensino das boas práticas nos pomares”, conclui o partido.