É sempre assim. A meteorologia farta-se de emitir avisos a quem ninguém liga nenhuma, porque nunca acontece nada. Por exemplo, a capitania do Funchal avisou que recebeu do IPMA um aviso de agitação marítima forte até às 18 horas de 17 de Janeiro. E recomenda atenção aos proprietários das embarcações. Mas quase ninguém presta atenção a estes avisos. De vez em quando, quando cai uma tempestade, os profissionais “videntes” são apanhados de surpresa e sujeitos aos maiores enxovalhos. Deviam ter previsto isto, não previram aquilo… ninguém adivinhava…

Neste caso, via um jornal do continente, desabaram recentemente, com anos e anos de atraso, considerações sobre a relação entre os governos de Jardim, o seu legado e a relação com grandes grupos económicos. Ninguém estava à espera e foi um deus-nos-acuda de lavar roupa suja na praça pública. Enquanto uns, enfadados, dão a entender traições, outros desvalorizam e acusam o jornalista de não saber distinguir o “on” do “off”.

Mas esta tempestade, para fazermos um irónico trocadilho, “será sol de pouca dura” entre os madeirenses e portugueses em geral. Daqui a dias algum outro assunto de suma importância, como o que come Cristiano Ronaldo ao almoço na Arábia Saudita, desviar-lhes-á o interesse.

Interessante é que, quase ao mesmo tempo que o alerta laranja, soou também o alerta rosa, com um ex-edil a ser investigado por supostos “esquemas”. Estepilha! O cidadão comum é que se interroga no meio de tudo isto: quem lhe poderá servir de guarda-chuva para as misérias do mundo, como a inflação e a subida das taxas de juro? O “mexilhão” continuará sozinho no mau tempo, enquanto vê os bem abotoados e agasalhados discutirem?