A coordenadora do Bloco de Esquerda, Dina Letra, contestou ontem a construção de mais um estádio de futebol em Câmara de Lobos. “É uma obra do Governo Regional”, disse. “São 6,5 milhões de euros que saem na totalidade e exclusivamente do orçamento regional”, sendo assim uma obra que “será paga por todos nós”.
O Bloco de Esquerda questiona portanto as prioridades do Governo Regional numa altura em que há perto de 5.000 famílias inscritas no IHM e a aguardar, algumas delas há muitos anos, por uma habitação; numa altura em que as taxas de juro já estão a subir, e que conjugadas com o flagelo da inflação que está a trazer imensas dificuldades às famílias, e em que a especulação imobiliária, potenciada pelos Vistos Gold e pelo alojamento local, afasta as famílias madeirenses e portosantenses, os casais jovens, de qualquer possibilidade de arrendar ou comprar casa.
“Ter um tecto, uma habitação condigna, é o primeiro passo para se criar a possibilidade de um projecto de vida, seja para constituir família seja para começar a sair de uma situação de pobreza, seja para sair de uma situação de violência doméstica, por exemplo”, apontou Dina Letra.
A responsável partidária considerou “incompreensível que numa altura de crise, que todos os madeirenses atravessam, estejamos a assistir a uma total inversão das prioridades por parte da coligação PSD-CDS”.
“Miguel Albuquerque já nos disse que, “mais importante do que ajudar as famílias é ajudar as empresas”, e aqui temos mais uma prova dessa prioridade, em que o governo PSD-CDS vai gastar 6,5 milhões de euros em mais um estádio de futebol, quando já temos uma série de recintos desportivos, inclusive nas escolas, que aguardam manutenção há anos. São 6,5 milhões de euros que juntando aos 7,5 milhões do PRR anunciados para Câmara de Lobos serviriam para construir mais 30 habitações e apostar na reabilitação de outras tantas casas de famílias camaralobenses”, sustentou.
Para o Bloco de Esquerda, estas são prioridades erradas. “É preciso reforçar o parque público de habitação, apostar em programas de reabilitação das casas, a que as famílias possam aceder. É preciso conter a especulação imobiliária, quer nas rendas quer na venda e é preciso devolver os centros das cidades aos seus habitantes em vez de termos a proliferação de alojamento local que está também a promover a falta de habitação”, refere.