O presidente do Governo Regional presidiu hoje à sessão de abertura do 29.º Congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Regional, subordinado ao tema «Ilhas e territórios periféricos: desafios numa geografia em movimento e padrões de “clima” em alteração». Com um discurso de forte estímulo à economia digital, Miguel Albuquerque defendeu que a região que aderir à revolução digital vencerá e a que não aderir perderá.
Segundo o governante, «a transição que esta a ocorrer, de forma muito acelerada, para a economia digital é uma oportunidade de ouro para as regiões posicionadas na periferia ou ultraperiferia dos grandes centros aproveitarem para se integrarem nos mercados mundiais e nas economias de escala» como é o caso da Madeira. Trata-se de uma transição que «exige e impõe um papel fundamental na formação das pessoas e na qualificação», sendo que «as regiões que o conseguirem fazer serão as regiões vencedoras no futuro», destacou.
Na opinião do presidente do Governo Regional, «a economia digital permite a produção de bens e serviços sem o ónus do distanciamento fixo, sem o ónus do transporte e custos de transporte, sem o ónus da escala continental e sem o ónus da proximidade física, portanto nós temos de aproveitar esta oportunidade. As regiões que o fizerem vão ganhar, as que não o fizerem vão perder», reforçou.
«A nova economia é a melhor amiga do ambiente» porque «a tecnologia é, de facto, um elemento fundamental para o combate às alterações climáticas e às emissões de gases com efeito de estufa», declarou Miguel Albuquerque.
O Presidente do Governo Regional enunciou, ainda, aquelas que considera as quatro grandes tendências da economia e da transição digital: 1) densidade, «desligar a produtividade dos recursos, ou seja, garantir mais benefícios para a nossa sociedade e humanidade a partir de menos energia e menos consumo de matéria» algo que a tecnologia permite. 2) desmaterialização, «fazer mais com menos e isso significa, a nível ambiental, que a humanidade não consuma, sobretudo os países avançados, milhões e milhões de toneladas de papel, plástico e metais»; 3) desmonetização, que consiste num «conjunto de bens e serviços que desapareceu do circuito monetário, não são suscetiveis de compra e venda, já não contam para o PIB» e 4) deflação, isto porque «a tendência da tecnologia é ser deflacionária, ou seja, à medida que há um conjunto de bens que se vão tornando massificados e que entram, muitas vezes, no circuito da desmonetização significa que isso tem custos mais baratos e, portanto não entram nos ativos», explicou.
Recolocar papel das Ilhas em destaque
Em sintonia com o presidente, o reitor da UMa, Sílvio Fernandes, defendeu que é preciso acompanhar as novas tendências digitais que vêm recolocar no centro o papel preponderante das ilhas, tal como aconteceu no mundo clássico e no berço da civilização ocidental. Segundo o reitor, «a revolução digital permite recentrar outra vez nas nossas ilhas, particularmente na Macaronésia que ocupa um espaço imenso no atlântico, o desenvolvimento e é nesse sentido que eu enquadro a importância das universidades que estão sediadas nas ilhas da macaronésia», referindo-se às universidades de Gran Canaria, Las Palmas, La Laguna, a mais antiga deste conjunto de ilhas, Açores e Madeira.
Na sua intervenção, na sessão de abertura do Congresso, António Almeida realçou a escolha do tema no qual surge a expressão «variações climáticas», uma vez que se trata de «uma questão extremamente importante, quer na versão climática, digamos meteorológica, quer porque o clima nas ilhas está a alterar».
«As ilhas têm cada vez mais desafios em resultado da guerra que nós estamos, numa altura em que há cada vez menos recursos e os territórios têm de ser cada vez mais autossuficientes», pontuou António Almeida.
Por sua vez, o presidente da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Regional, Francisco Carballo-Cruz, destacou, além da organização do congresso, a importância do trabalho desenvolvido pela instituição, mencionando a revista «de caráter científico que sai com a mesma regularidade de sempre» e a organização de um conjunto de workshops temáticos sobre diversos temas de interesse em matérias de desenvolvimento regional. «É uma das associações portuguesas que está mais “saudável” do ponto de vista financeiro», afirmou Francisco Carballo-Cruz.