Cafôfo acusa Governo Regional de ter protagonizado “uma enciclopédia de atentados ambientais”

O presidente do PS-Madeira, Paulo Cafôfo, considerou hoje que existe a necessidade de encarar a transição ecológica e o combate às alterações climáticas como uma prioridade na Região. Foi no encerramento das Jornadas Parlamentares do PS, que decorreram esta tarde em Machico, que Cafôfo considerou que esta questão “tem de ser muito mais do que uma propaganda do Governo Regional” e tem de estar na agenda política, mas “com efeitos práticos na vida dos cidadãos”.

A Madeira, diz, é um território muito vulnerável, tendo em conta a sua condição insular e os riscos associados. Fenómenos climáticos extremos têm ocorrido nos últimos anos com maior frequência e com maior gravidade, apontou.

O presidente do PS-M destacou o papel preponderante que os jovens têm tido nesta matéria, mas sublinhou que “o poder político também tem de o fazer”, apontando responsabilidades incisivas ao Governo Regional.

Paulo Cafôfo denunciou a “mera propaganda” do Executivo madeirense, lembrando que são desconhecidos os indicadores relativos aos documentos estratégicos que são elaborados. A título de exemplo, referiu-se à Estratégia de Adaptação às Alterações Climáticas, implementada em 2015. “Não são partilhados dados, não sabemos a monitorização daquilo que foi construído e delineado na Estratégia”, declarou, acrescentando que “esta falta de transparência não ajuda no rumo que devemos seguir nas alterações climáticas”.

A memória das acções dos sucessivos governos regionais constitui “uma enciclopédia de atentados ambientais”, acusou, citando a falta de planeamento costeiro, a extracção de inertes, os atentados ambientais de controlo de espécies nas Desertas, a irresponsabilidade na gestão florestal, as ameaças à biodiversidade da floresta Laurissilva e as promessas propagandísticas e repetidas, como a neutralidade carbónica no Porto Santo.

A um outro nível, defendeu a importância de afirmar a Madeira como destino ambientalmente sustentável (os Açores já ultrapassaram a RAM) e defendeu que o Governo Regional deve canalizar verbas do Plano de Recuperação e Resiliência para questões essenciais como os transportes públicos, o aproveitamento dos recursos hídricos e um novo modelo de gestão florestal.

O dirigente criticou ainda o facto de as autarquias terem sido afastadas do processo de gestão e execução dos fundos. “A transição ecológica vai acontecer e nós não podemos ficar para trás”, alertou.